A contratação de Miller Bolaños pelo Grêmio deu certo, mas deixou claro como anda difícil atrair investidores ao futebol brasileiro. O que foi uma prática comum nos últimos anos se tornará cada vez mais rara a partir de agora. Neste caso específico, a operação foi bem sucedida graças a um empréstimo de um gremista fanático, com taxas de juros favoráveis. Ou seja, nem dá para considerar um investimento. Foi um empréstimo puro e simples. A verdade é que, depois da determinação da Fifa de proibir a participação de terceiros nos direitos econômicos de jogadores, o cerco está se fechando.
O TPO (Third Party Ownership/Propriedade de Terceira Parte) chegou com força, e o cartão de visitas foi a punição ao Seraing, da Bélgica. O clube quebrou a regra vigente desde 1° de maio de 2015 e levou em setembro uma multa de 150 mil francos suíços, ficando proibido de realizar transferências por quatro janelas. Aqui no Brasil, ainda tem muita gente querendo burlar as regras. Neste ano, o Corinthians contratou Marlone, que estava no Sport, mas que está vinculado à Penapolense. O lateral Rodinei saiu da Ponte Preta para o Flamengo. Só que pertence ao Hortolândia, que está até licenciado do futebol profissional. Nenhum dos dois jamais vestiu as camisas dos donos dos seus direitos federativos. São os clubes hospedeiros, como o Coimbra, de MG, usado pelo Banco BMG, e o Deportivo Maldonado, do Uruguai, usado pelo empresário Juan Figer.
O argentino Calleri, que agora está no São Paulo, foi comprado do Boca Juniors por empresários e registrado no Maldonado. Desta maneira, os agentes têm o controle dos direitos federativos e econômicos e, assim, conseguem driblar o sistema. Por enquanto. Vem aí, a partir de março, a alteração no Regulamento de Registro e Transferência da CBF.
Em outubro, o São Paulo foi punido pela contratação de Iago Maidana, que chegou do Criciúma depois de ficar dois dias registrado no Monte Cristo, clube da terceira divisão de Goiás. Só que agora, com esta mudança, a situação vai ficar ainda mais clara. A nova regulamentação prevê penas como multas e proibição de registro de novos atletas, tendo como objetivo coibir negociações com clubes pelos quais os jogadores jamais atuaram. Uma agremiação que movimentar milhões de reais e não tiver desempenho esportivo compatível será considerada suspeita.
Além disso, a Fifa tem 10 investigações em andamento, uma delas aqui no Brasil. Ou seja, daqui pra frente é bom abrir o olho. Ou encontrar um investidor realmente apaixonado pelo clube.