Felipão é o técnico mais vitorioso da história do Grêmio. Mas é um técnico que também erra, algo que o presidente Romildo Bolzan teima em não ver. E o treinador multicampeão tem muita responsabilidade na perda do Gauchão. Inclusive, morreu abraçado em uma convicção chamada Fellipe Bastos. Morreu com seu bruxo.
Há uma série de atenuantes para o trabalho de Felipão. Falta dinheiro, o elenco é limitado em número e qualidade, a seca de títulos conturba o ambiente. Porém há outra série de fatores que são erros do treinador: armou um time devagar e óbvio, indicou reforços fracos (Braian Rodríguez) e insistiu no displicente Fellipe Bastos que entregou um gol no Gre-Nal.
O padrão de jogo quem define é o técnico diante de suas possibilidades. E Felipão optou por um time lento, com infindáveis toques de lado, o futebol tico-tico que a Seleção já apresentava, o futebol que toca bola até a providência divina abrir a defesa rival. No Brasileirão, o elenco era maior e a obviedade a mesma. Por mais limitado que seja o grupo, o treinador opta por velocidade ou lerdeza. No caso tricolor, optou-se pela lerdeza.
O Grêmio precisava de um gol no segundo tempo do clássico de domingo e quase não chutou, cavou poucos escanteios, apenas rondou a dois por hora a área vermelha com toques para trás e tabelas que não saem do lugar. Esse erro é do técnico que monta a equipe com essa filosofia. E Felipão usa a crise financeira como escudo.
Se quisesse um time mais veloz, Felipão teria indicado à direção contratações diferentes. Quem indicou Douglas, apagado nas finais? Quem indicou Braian Rodríguez, o centroavante de um gol no Gauchão? Quem manteve Braian em campo? Quem indicou Galhardo, o lateral que era reserva do Bahia? O Grêmio tem moedas contadas e buscou reforços lentos.
Felipão também errou com Fellipe Bastos, sua paixão. Há meses afirmo que o titular é Walace, garoto da base que protege bem a defesa e joga simples. Pois o técnico opta pelo seu bruxo, um volante carimbador e displicente. Fellipe Bastos errou um passe ridículo na final por ser confiante demais, por excesso de soberba. É um estilo boleirão que só atrapalha o time.
Observem jogos de exímios passadores, como Xavi, Iniesta e Kross. Sem comparar a qualidade técnica do trio com a do volante gremista, chamo atenção apenas para o estilo do passe, sempre rasteiro e firme. É passe simples e certeiro, passe para acertar, passe sem firula. Já Fellipe Bastos escora o pé na bola com leveza, patinha virada, fazendo mãozinha. A bola rola devagar e Nilmar a rouba. Se os melhores simplificam, por que nosso pseudo craque inventa? E quem escala este gênio que foi rifado do Vasco? Felipão.
Se Felipão tem poderes absolutos no clube, o erro é do presidente Romildo Cortando Despesas Bolzan. Romildo chancela os erros de avaliação da montagem do elenco, logo, naufraga junto com seu treinador. Romildo parece não entender que dirigir o Grêmio é mais complexo do que Osório ou o PDT-RS. No Grêmio não deveria haver espaço para camaradas em funções estratégicas.
Até hoje ninguém sabe ao certo as funções de Murtosa e Ivo Wortmann na comissão técnica, que mais lembra um grupo de carteado, uma confraria de amigos do Felipão. Pela produção do time, seus trabalhos pouco acrescentam. Portanto, se o presidente quer tanto sanar as contas, poderia começar cortando peças que não justificam sua permanência.
Falando em bruxismo e camaradagem, chego ao diretor remunerado Rui Costa. O que fez em duas temporadas e meia? Nada. Rui Costa recebe polpudo salário de executivo de multinacional para errar, errar e errar. Fracassou em três Gauchões, duas Libertadores, dois Brasileirões e duas Copas do Brasil. Com dinheiro, montou equipes desequilibradas. Sem dinheiro, que serve de escudo para qualquer tropeço, só Romildo sabe a sua utilidade. Em uma empresa séria, teria sido demitido há anos.
Rui Costa é um camarada do grupo político de Fábio Koff. Ganhou o cargo por ser correlegionário. Com a política como analogia, levou um excelente cargo comissionado por ser do partido que venceu as eleições. Rui Costa não foi buscado em outro clube porque fez um excelente trabalho, ajudou a montar uma equipe enxuta e eficiente. Seu currículo não justifica o salário gordo. Então, se Romildo pretende sanar as finanças, é bom parar de rasgar dinheiro em um dirigente remunerado que não produz.
Faço este desabafo como gremista frustrado por um novo tropeço, chateado pela falta de perspectiva. O torcedor deve acreditar, desejar que o impossível seja possível, incentivar. Mas fica difícil com tanto bruxismo dentro do clube. Ou o Grêmio cobra eficiência, ou seguirá anos na fila.
Acompanhe o Grêmio no Gremista ZH. Baixe o aplicativo:
App Store
Google Play
*ZHESPORTES