Ritmo mais popular na Argentina, a cumbia passa, aos poucos, a dividir espaço com o pagode no interior do vestiário do Grêmio. A nova sugestão musical foi apresentada ao zelador Moacir da Luz, o guardião dos armários dos jogadores, por Facundo Bertoglio, cotado para começar a partida contra o Novo Hamburgo, neste domingo, às 16h, no Olímpico.
Por enquanto, a "invasão" musical ainda é tímida. Moacir, conhecido entre o grupo como DJ Moa, ainda dá preferência ao pagode universitário. Gustavo Lima, um dos expoentes do gênero, até caiu no gosto de Bertoglio. Tentar adaptar-se ao meio em que vive é uma das características do atacante argentino de 21 anos e 1m73cm. É uma de suas diferenças em relação a Escudero e Miralles, dois compatriotas de comportamento introvertido.
- Ele é um cara muito gente boa, bem simpático. Tenta fazer amizade rápido. Está tentando aprender português, o que vai facilitar muito o entrosamento - relata o gladiador Kleber.
Os dois têm um amigo em comum. Trata-se do volante Corrêa, ex-Palmeiras, hoje no Dínamo Kiev. Numa troca de mensagens via MSN, Kleber obteve um relato positivo sobre Bertoglio quando soube do interesse do Grêmio na sua contratação.
É a segunda vez que os dois jogam no mesmo time. Kleber permaneceu por quatro anos no Dínamo de Kiev. Depois do ex-colorado Diogo Rincón, foi o primeiro brasileiro a aventurar-se por lá. Bertoglio ficou bem menos tempo. Desembarcou na Ucrânia em setembro de 2010, após surgir como estrela no Colón, de Santa Fé, e chegar à seleção argentina pelas mãos de Diego Maradona. Encantou em amistoso contra o Haiti e esteve próximo de ser convocado para a Copa da África do Sul.
O começo na Ucrânia foi difícil. Em fevereiro de 2011, sofreu lesão no tornozelo esquerdo que o deixou seis meses fora de jogo. Operou-se na Itália, voltou a jogar em agosto, disputou 15 partida pelo Dínamo B e em fevereiro já se apresentava ao Grêmio.
Para cair no gosto da torcida, bastaram apenas 64 minutos. Contra o Cerâmica, foram 19 de intensa movimentação sob calor superior a 30°C. Na vitória frente ao River Plate, o sorridente Bertoglio entrou no intervalo, deu passe para um gol de Kleber e fez o terceiro, que garantiu a virada.
A capital gaúcha também agrada ao fã de Riquelme, astro do Boca Juniors. Bertoglio vê semelhança com sua Santa Fé, "pelo calor das pessoas". Nestor, o pai, que o acompanhou no dia da apresentação, prometeu voltar nos próximos dias. Monica, a mãe de Facundo, virá junto. Roman, 22 anos, o irmão mais velho, já mora aqui. Juliano, 14 anos, o caçula, também quer vir.
Na primeira folga do calendário, será a vez de Bertoglio viajar para a Argentina. Quer providenciar uma nova carteira de habilitação para dirigir em Porto Alegre. Como a atual está vencida, ainda depende da ajuda dos empresários Paulo Amorim ou Walter Cirne para se locomover.
- Pena que meu contrato só dure seis meses - lamenta.
Caso seja contratado, Bertoglio poderá realizar o projeto de atuar na Arena. São tão entusiasmados os relatos que ouve sobre a futura casa tricolor que a possibilidade o encanta.
- Seria lindo - diz.
Por enquanto, é no Olímpico que a torcida poderá vê-lo com a camisa 7 às costas.