Se o Gauchão serve para muitas vezes revelar grandes jogadores, também tem se mostrado uma competição que revela técnicos de potencial, casos recentes de Tite, campeão gaúcho com o Caxias em 2000, Lisca, que fez bom trabalho no América-MG na última temporada, Tiago Nunes, campeão da Sul-Americana em 2018 e da Copa do Brasil em 2019, entre outros. Em 2021, a expectativa é de que novos treinadores sejam formados e que ajudem as levar as equipes do Interior para as posições mais altas da tabela.
Alguns nomes, comuns no âmbito do futebol gaúcho na última década, como Paulo Porto, Ben Hur Pereira e Hélio Vieira, parecem ter perdido espaço nos clubes da primeira divisão do Gauchão. Outros, mais jovens, casos de Rafael Lacerda, Gilson Nunes e Ricardo Colbachini, começaram a ganhar mais espaço. Uma mudança profunda de nomes, mas mantendo a tradição de optar por profissionais da "aldeia" rio-grandense.
Dos 11 treinadores — o São José demitiu Carlos Moraes e ainda não contratou um substituto —, apenas dois não atuaram como jogadores. Cláudio Tencati, de 47 anos e atualmente no Brasil-Pel, se formou em Educação Física e depois entrou no meio do futebol, iniciando sua carreira como preparador físico. Técnico colorado nesta temporada, Miguel Ángel Ramírez também entrou direto nas categorias de base. O espanhol iniciou sua trajetória no futebol no Las Palmas-ESP.
Renovação
As idades dos treinadores mostram uma renovação. A média dos nove técnicos dos times do Interior é de 44,4 anos. Levando em consideração os da Dupla, ela sobe para 44,9 anos. O mais novo, Ricardo Colbachini, tem 35 anos e tem no Pelotas sua primeira grande chance como treinador de uma equipe profissional (treinou o Inter por três jogos entre a saída de Odair Hellmann e a chegada de Zé Ricardo) Ex-jogador, Colbachini largou a carreira de maneira prematura e se dedicou aos estudos para se tornar técnico.
Do outro lado, o mais velho é Renato Portaluppi, com 58 anos. Ídolo do Grêmio, está em sua terceira passagem pelo Tricolor, com trajetória extremamente vitoriosa, tendo ganhado uma Copa do Brasil, uma Libertadores, uma Recopa e três campeonatos gauúchos (2018, 2019 e 2020).
A competição desse ano terá dois "estrangeiros"— ou seja, dois técnicos que não nasceram no Rio Grande do Sul. Um deles é Marquinhos Santos, do Juventude, que nasceu em Santos, no litoral paulista. Ele chega buscando manter o time da Serra na Série A do Brasileirão, mas para também incomodar a dupla Gre-Nal no Estadual, apesar da arrancada claudicante.
O outro é Cláudio Tencatti, comandante do Brasil-Pel, natural de Cianorte-PR. Até pouco tempo atrás, ele comandava o Londrina, clube no qual permaneceu por sete temporadas seguidas. Há um terceiro estrangeiro, esse sem aspas. Trata-se do espanhol Miguel Ángel Ramírez, do Inter.
Tem ainda um técnico gaúcho que será "marinheiro de primeira viagem" no Estadual. Júnior Rocha tem o desafio de levar o Ypiranga às primeiras colocações do campeonato. Como atacante, Júnior atuou no Vale dos Sinos, em times como 15 de Novembro e Novo Hamburgo. Aos 30 anos, aposentou-se dos gramados e passou para o lado de fora das quatro linhas. Agora, volta ao Rio Grande do Sul para treinar o time de Erechim.
Em relação ao Gauchão de 2020, quatro técnicos da competição seguem na disputa em 2021. Além de Renato Portaluppi — que permaneceu no Grêmio —, outros dois continuam na mesma equipe, que é o caso de Rafael Lacerda, vice-campeão estadual no último ano pelo Caxias, e Marquinhos Santos, que deixou o Juventude no meio da temporada passada, mas que retornou no começo desta.
Outro trocou de equipe de lá para cá. Paulo Henrique Marques, atualmente no São Luiz, iniciou o ano passado no comando do Ypiranga, mas saiu do clube em novembro. Carlos Moraes também se encaixava nesse perfil. Campeão do Interior com o Esportivo no ano passado, havia assumido o São José para esta temporada, mas acabou demitido depois de uma sequência de maus resultados.
A renovação de nomes fica ainda mais evidente voltando no tempo. Do Gauchão de 2011, há 10 anos, somente um nome disputa a edição deste ano: Renato Portaluppi, à época em sua primeira passagem pelo Grêmio. Luiz Carlos Winck também era um nome que se repetia, mas acabou demitido pelo Esportivo após insucessos no Gauchão e na Copa do Brasil.
Os técnicos do Gauchão
- Aimoré - Gilson Maciel - 52 anos
- Inter - Miguel Ángel Ramírez - 36 anos
- Brasil-Pel - Cláudio Tencati - 47 anos
- Grêmio - Renato Portaluppi - 58 anos
- Pelotas - Ricardo Colbachini - 35 anos
- Caxias- Rafael Lacerda - 36 anos
- Juventude - Marquinhos Santos - 41 anos
- Ypiranga - Júnior Rocha - 39 anos
- Esportivo - Rogério Zimmermann - 55 anos
- Novo Hamburgo - Márcio Nunes - 40 anos
- São Luiz - Paulo Henrique Marques - 55 anos
- São José - indefinido