José Mario de Bona, 28 anos, lateral-esquerdo do Novo Hamburgo, era uma das promessas da base do Inter em 2011. Ele disputava a Taça BH quando foi chamado de volta a Porto Alegre um dia antes do embarque para a Copa Audi. O torneio amistoso na Alemanha era contra Bayern de Munique, Milan e Barcelona.
Zé Mario, então com 19 anos, achava que estrearia como profissional em algum jogo de Gauchão ou Brasileirão, mas se viu aquecendo para entrar no segundo tempo da semifinal contra a equipe catalã.
— Senti um nervosismo, é claro. Achava que ia viajar só para compor elenco e seria, no máximo, segunda opção caso alguém se lesionasse. Todos os guris entraram e jogaram. O nervosismo bateu na galera. É o sonho de cada um, mas quando chega a hora tu nunca está psicologicamente preparado o bastante — lembra o jogador.
O técnico interino do Colorado à época, Osmar Loss, conhecia Zé Mário das categorias de base. Era primeiro volante e tinha sido capitão. Foi chamado às pressas para integrar a delegação no lugar de Guiñazú, lesionado.
Ele, João Paulo e Lucas Roggia participaram do empate com o Barcelona e foram titulares na disputa do terceiro lugar contra o Milan. Apesar de ter errado o pênalti que eliminou o Inter no torneio amistoso, Zé ainda guarda as camisetas de Xavi, do Barcelona, e Thiago Silva, do Milan, como lembrança.
— Primeira impressão foi de incredulidade —revela: — A comemoração do Damião ilustra bem este deslumbre que a gente teve, não só os garotos. Eram adversários que a gente só via pela televisão e no videogame.
Da mesma maneira que o Inter conseguiu levar o duelo amistoso com o Barcelona para os pênaltis, Zé Mario acredita que o Novo Hamburgo possa ficar com a vaga na final do segundo turno do Gauchão. Em 2017 o time superou o mesmo rival Grêmio e foi campeão estadual.
— Em jogo único tudo pode acontecer. Tivemos o exemplo do Mirassol eliminando o São Paulo. O futebol nos mostra que nem sempre o mais estruturado vence. Sabemos que é o Grêmio, que vem treinando desde maio e foram poupados, mas estamos preparados e focados para buscar a vaga na final — projeta, comparando a atual semifinais à de sua estreia na Alemanha:
— Uma classificação à final seria comparável, sim. Por tudo que envolve o momento. Na situação atual do mundo, muita gente prejudicada pela pandemia enquanto a gente pode voltar a fazer o que ama e trazer alegria aos torcedores.
Zé Mário estava no Jaraguá, de Goiás, antes da pandemia do novo coronavírus paralisar o futebol no Brasil. O agora lateral foi um dos contratados pela equipe do Vale do Sinos para, mesmo voltando aos treinos apenas uma semana antes dos jogos, conquistar classificação para a semifinal do turno.