Não teve data, teve promessa de análise. Não teve previsão, teve diálogo. O encontro entre governo do Estado e Federação Gaúcha de Futebol (FGF) pode até ter frustrado os mais otimistas, que aguardavam uma resposta imediata sobre quando haverá jogos no Rio Grande do Sul.
Mas a impossibilidade de garantir o retorno da bola rolando já era esperada pelas duas partes envolvidas na reunião, presencial, com máscaras e distanciamento, ocorrida no Palácio do Piratini. A entidade que rege o esporte apresentou seu protocolo de segurança para reiniciar o Gauchão e ouviu do poder público a promessa de que o documento será levado em consideração na confecção do novo decreto, que será lançado até sexta-feira (8).
O que foi descartado: o recomeço ainda em maio. A possibilidade chegou a ser tratada como real por dirigentes, tanto da dupla Gre-Nal quanto do Interior, mas já não está mais no horizonte. Até para evitar novas quebras de expectativa, nenhuma data foi cogitada.
Por ser um processo que envolve pelo menos dois meses entre o retorno dos atletas, o recondicionamento físico, a preparação e os jogos, calculados como até 22 dias — o campeonato precisa de cinco ou sete datas para acabar, dependendo do que o Caxias alcançar no segundo turno —, uma previsão concreta não pode ser dada. O cenário da pandemia é variável, e até o comportamento da população como um todo conta para enfrentar a covid-19.
Legalmente, há um ponto que precisa ser considerado. O Rio Grande do Sul adotou como medida um mapa com bandeiras sinalizando o que pode e o que não pode em determinadas regiões. Esse desenho leva em consideração aspectos econômicos e sanitários. Assim, uma cidade pode receber a liberação para que a prefeitura permita jogos, e outra esteja proibida.
— Especialmente difícil conseguir enxergar um retorno seguro ao futebol. O campeonato, como é estadual, precisa de um regra uniforme no território, e o novo decreto vai pela regionalização. Cada região terá uma bandeira e poderá obedecer um protocolo mais rigoroso na semana. O que poderia significar que o campeonato então teria de seguir os critérios de acordo com alguma cidade diferente de outra, o que pode comprometer a condição de jogos em determinadas cidades — comentou Eduardo Leite.
Para solucionar esse problema, se houver, a FGF poderá apresentar aos clubes, em encontro virtual marcado para esta quarta-feira, algumas alternativas. Uma delas será até mesmo a possibilidade de jogar em outra cidade. Mas isso tudo será decidido democraticamente.
— Vamos conversar com os clubes antes, mas essa situação passa, sim, de precisar jogar fora da cidade — destacou Luciano Hocsman, que completou: — A FGF deixou claro que o futebol respeita qualquer orientação de saúde, e o governador fez questionamentos de alguém que vive o futebol. A perspectiva que saio é de que governo faça um estudo aprofundado e viabilize a retomada do futebol.
No momento, apenas Porto Alegre e Bento Gonçalves autorizam os clubes a receber atletas para treinos em suas sedes. O novo decreto do governo, porém, deverá estender a outras cidades a mesma permissão, nos mesmos moldes, com distanciamento e obedecendo protocolos de saúde.