O Gre-Nal 419 ficou marcado pela intensa disputa física e ocupação de espaços pelo corredor central das duas equipes. O empate em 0 a 0, com poucas chances claras de gol dos dois lados, mostrou algo normal no clássico gaúcho: o medo de perder é sempre maior do que a vontade de vencer.
Dando uma olhada nos passes das duas equipes, pode-se entender por onde a bola circulou e como os modelos de jogo de Grêmio e Inter terminaram sendo respeitados pelos jogadores. Mesmo assim, nenhum dos dois se sobrepôs ao outro e não houve vantagem consistente de nenhum lado.
Vamos utilizar um índice de performance chamado Mapa de Passes, que mostra as conexões mais utilizadas na partida e quais os passes trocados entre os jogadores que estiveram mais tempo em campo. O tamanho das flechas varia de acordo à quantidade de passes, como explicado nos mapas.
INTER E SEU LADO ESQUERDO
O Inter terminou pendendo para seu lado esquerdo, algo que é usual do time de Odair. As triangulações entre Iago, Patrick e Nico López têm sido um ponto forte da construção colorada. E não foi diferente no Gre-Nal: com D'Alessandro flutuando por ali e depois se posicionando mais pela esquerda, foi neste setor que o Inter mais trabalhou a bola.
A média de passes colorados no ano é de 475 por jogo, com 84% de acerto. No Gre-Nal, foram 314, com 91% de acerto. Ou seja, o Inter passou menos do que faz geralmente, mas acertou mais passes. Foi mais preciso.
Guerrero foi pouco abastecido, sem volume de jogo dos companheiros com o peruano. E D'Alessandro terminou sendo o centro dos passes, quem mais recebeu e mais tocou — o que não é uma novidade e comprova que, quando o argentino joga, ele gosta de "dar as cartas".
GRÊMIO E SEU MEIO
A usina tricolor responde pelos nomes de Maicon, Matheus Henrique e Jean Pyerre. Esses três foram responsáveis por 45% dos passes do Grêmio. O volume de troca de passes entre eles é intenso e constante, com muita aproximação e mobilidade. Jean Pyerre fez conexões com André e Everton, mas faltou conversar mais com Alisson.
A média de passes do Grêmio no ano é de 625 por jogo, com 90% de acerto. No Gre-Nal, foram 357, com os mesmos 90% de acerto. Ou seja, o Tricolor passou 43% menos vezes do que fez na média dos seus jogos, mas acertou a mesma quantidade. Um jogo disputado, sem perder qualidade técnica.
Destaque para a falta de conexões entre Geromel e Kannemann com os volantes e laterais, e do pouco que conversaram Leonardo Gomes e Alisson, além de Everton e André. Como o lado esquerdo gremista é onde geralmente se criam as jogadas mais perigosas, ficou faltando mais conexões por este setor.