Campeão da Segundona em 2010 e de volta à Primeira Divisão após 33 anos, o Cruzeiro-RS traçou um plano audacioso: construir um novo estádio e jogar o Gauchão ali em menos de três anos. Logo após a garantia do acesso, foi vendida a área do velho Estádio Estrelão, na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre, e anunciada a Arena em Cachoeirinha.
Nos dois anos seguintes, o Cruzeiro-RS ainda fez 29 jogos no seu velho estádio, pelo Gauchão, e por copas da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Mas em 13 de outubro de 2012, foi preciso dar adeus: derrota para o Brasil-Pel por 1 a 0, pela Copa Hélio Dourado.
Nesta quarta-feira (13), às 16h, fecha-se um ciclo de quase sete anos sem ter uma casa. O Cruzeiro estreia sua arena contra o São Gabriel, pela Divisão de Acesso.
— Não foi fácil. Apesar de sermos bem recebidos onde jogamos, perdemos nossa identidade — afirma o atual presidente, Cláudio Lempek.
Se é na gestão dele que a Arena será aberta, foi na administração de Dirceu de Castro, hoje diretor de futebol, que o Cruzeiro resolveu sonhar alto.
— Estou muito emocionado. Sempre defendi a ideia de que o clube vai ser outro depois da Arena. É um local que nos enche de esperança num futuro promissor — garantiu o ex-presidente.
A direção trata o jogo como um evento-teste e não como uma inauguração oficial — só 2,2 mil dos 16 mil lugares estão liberados.
— São oito anos de obras. Demorou, sim. Mas não buscamos financiamento e tudo está pago — orgulha-se Dirceu.
Do Estrelão à Arena
Desde 2013, o time disputou seis Gauchões, cinco Copinhas e uma Divisão de Acesso. No total, foram usados nove estádios em oito cidades: Porto Alegre (Passo D'Areia e Lami), Novo Hamburgo, Eldorado do Sul, Gravataí, Igrejinha, São Leopoldo, Alvorada e Canoas.
Criado na base cruzeirista, o volante Ben-Hur, 24 anos, foi formado no Estrelão, com seu gramado surrado e misturado à terra. Ali, começou a se apaixonar pelo Estrelado. Profissional desde 2013, já são sete temporadas defendendo a camisa azul e branca:
— Já treinamos aqui há algum tempo. Fazer com que o nosso estilo se imponha dentro de casa é bem melhor do que, a cada jogo, atuar num estádio diferente.
Para o técnico Claiton, ex-volante do Inter, o momento é especial:
— Estando à frente do time me faz ver toda a dificuldade e, ao mesmo tempo, todo o empenho da direção em concluir a Arena.
Cair para a Divisão de Acesso em 2018 foi doloroso. E o medo de ver a obra da Arena parar aumentou. Mas o Cruzeiro se reorganizou e está entre os times fortes na luta pelo Gauchão 2020.
— Com o rebaixamento, decidimos focar nas obras. Éramos muito fortes no Estrelão e pretendemos voltar a ter essa força na Arena — disse o presidente Lempek.
A nova casa
Nome do estádio
Arena Estrelada (não oficial)
Capacidade
16 mil lugares (hoje, só 2,2 mil estão liberados)
Custo
R$ 14 milhões
Início da obra
2012
Endereço
Rua Ary Rosa Santos, 400, Distrito Industrial, em Cachoeirinha
Jogos da primeira fase
- 13/3, Cruzeiro x São Gabriel
- 20/3, Cruzeiro x Farroupilha
- 24/3, Cruzeiro x Bagé
- 27/3, Cruzeiro x São Paulo
- 7/4, Cruzeiro x Lajeadense
- 14/4, Cruzeiro x Inter-SM
Histórico da obra
2010
Definição do local e realização do projeto
2012
Arquibancadas começam a ser erguidas
2013
Finalização do primeiro setor de arquibancada e preparação do terreno para o gramado
2014
Gramado plantado e arquibancadas prontas, tudo parecia se encaminhar para a inauguração. A previsão era de que servisse de subsede da Copa do Mundo. Mas faltaram recursos para finalizar a infraestrutura, como instalações elétricas e hidráulicas. Isso porque o local foi projetado dentro do padrão Fifa: dois vestiários iguais para os anfitriões e visitantes, área mista de acesso ao campo, 19 saídas e duas grandes áreas de escape e nove cabines de imprensa, além de alojamentos, academia, auditórios para palestras e refeitórios.
2015 a 2018
Neste período, sem verbas, a obra ficou muito tempo parada. Uma cerca chegou a ser colocada no entorno do estádio para evitar vandalismo.
2019
Com o rebaixamento em 2018, o clube priorizou a obra e o primeiro jogo está marcado para esta quarta-feira (13). Porém, só 2,2 mil lugares estão liberados para uso — o setor sul. Em maio, está prevista a liberação das sociais, com mais 5 mil assentos. E o resto da capacidade deve ser entregue até o final do ano.