Gauchão

Momento histórico

Estádio do Cruzeiro-RS recebe seu primeiro jogo oficial, mas ainda longe da capacidade de 16 mil lugares

Após oito anos de obras e jogando em estádios emprestados, o clube inaugura sua arena nesta quarta-feira, às 16h, em Cachoeirinha, na partida contra o São Gabriel, pela Divisão de Acesso

Gustavo Manhago

Esporte

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Lauro Alves / Agencia RBS
Com sede em Cachoeirinha, time do técnico Claiton está pronto para a estreia da Arena Estrelada

Campeão da Segundona em 2010 e de volta à Primeira Divisão após 33 anos, o Cruzeiro-RS traçou um plano audacioso: construir um novo estádio e jogar o Gauchão ali em menos de três anos. Logo após a garantia do acesso, foi vendida a área do velho Estádio Estrelão, na Avenida Protásio Alves, em Porto Alegre, e anunciada a Arena em Cachoeirinha. 

Nos dois anos seguintes, o Cruzeiro-RS ainda fez 29 jogos no seu velho estádio, pelo Gauchão, e por copas da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Mas em 13 de outubro de 2012, foi preciso dar adeus: derrota para o Brasil-Pel por 1 a 0, pela Copa Hélio Dourado. 

Nesta quarta-feira (13), às 16h, fecha-se um ciclo de quase sete anos sem ter uma casa. O Cruzeiro estreia sua arena contra o São Gabriel, pela Divisão de Acesso.

— Não foi fácil. Apesar de sermos bem recebidos onde jogamos, perdemos nossa identidade — afirma o atual presidente, Cláudio Lempek. 

Se é na gestão dele que a Arena será aberta, foi na administração de Dirceu de Castro, hoje diretor de futebol, que o Cruzeiro resolveu sonhar alto.

— Estou muito emocionado. Sempre defendi a ideia de que o clube vai ser outro depois da Arena. É um local que nos enche de esperança num futuro promissor — garantiu o ex-presidente.

A direção trata o jogo como um evento-teste e não como uma inauguração oficial — só 2,2 mil dos 16 mil lugares estão liberados.

— São oito anos de obras. Demorou, sim. Mas não buscamos financiamento e tudo está pago — orgulha-se Dirceu. 

Do Estrelão à Arena

Desde 2013, o time disputou seis Gauchões, cinco Copinhas e uma Divisão de Acesso. No total, foram usados nove estádios em oito cidades: Porto Alegre (Passo D'Areia e Lami), Novo Hamburgo, Eldorado do Sul, Gravataí, Igrejinha, São Leopoldo, Alvorada e Canoas.

Criado na base cruzeirista, o volante Ben-Hur, 24 anos, foi formado no Estrelão, com seu gramado surrado e misturado à terra. Ali, começou a se apaixonar pelo Estrelado. Profissional desde 2013, já são sete temporadas defendendo a camisa azul e branca:

— Já treinamos aqui há algum tempo. Fazer com que o nosso estilo se imponha dentro de casa é bem melhor do que, a cada jogo, atuar num estádio diferente.

Para o técnico Claiton, ex-volante do Inter, o momento é especial:

— Estando à frente do time me faz ver toda a dificuldade e, ao mesmo tempo, todo o empenho da direção em concluir a Arena.

Cair para a Divisão de Acesso em 2018 foi doloroso. E o medo de ver a obra da Arena parar aumentou. Mas o Cruzeiro se reorganizou e está entre os times fortes na luta pelo Gauchão 2020.

— Com o rebaixamento, decidimos focar nas obras. Éramos muito fortes no Estrelão e pretendemos voltar a ter essa força na Arena — disse o presidente Lempek.

A nova casa

Nome do estádio

Arena Estrelada (não oficial)

Capacidade

16 mil lugares (hoje, só 2,2 mil estão liberados)

Custo

R$ 14 milhões

Início da obra

2012

Endereço

Rua Ary Rosa Santos, 400, Distrito Industrial, em Cachoeirinha

Jogos da primeira fase

  • 13/3, Cruzeiro x São Gabriel
  • 20/3, Cruzeiro x Farroupilha
  • 24/3, Cruzeiro x Bagé
  • 27/3, Cruzeiro x São Paulo
  • 7/4,   Cruzeiro x Lajeadense
  • 14/4, Cruzeiro x Inter-SM

Histórico da obra

2010

Definição do local e realização do projeto

2012

Arquibancadas começam a ser erguidas

Lívia Stumpf / Agencia RBS
Início da construção das arquibancadas

2013

Finalização do primeiro setor de arquibancada e preparação do terreno para o gramado

Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Em 2013, terreno começou a ser preparado para receber o gramado

2014

Gramado plantado  e arquibancadas prontas, tudo parecia se encaminhar para a inauguração. A previsão era de que servisse de subsede da Copa do Mundo. Mas faltaram recursos para finalizar a infraestrutura, como instalações elétricas e hidráulicas. Isso porque o local foi projetado dentro do padrão Fifa: dois vestiários iguais para os anfitriões e visitantes, área mista de acesso ao campo, 19 saídas e duas grandes áreas de escape e nove cabines de imprensa, além de alojamentos, academia, auditórios para palestras e refeitórios.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Arquibancadas e gramado ficaram prontos em 2014

2015 a 2018

Neste período, sem verbas, a obra ficou muito tempo parada. Uma cerca chegou a ser colocada no entorno do estádio para evitar vandalismo.

Fernando Gomes / Agencia RBS
Obras ficaram paradas entre 2015 e 2018

2019

Com o rebaixamento em 2018, o clube priorizou a obra e o primeiro jogo está marcado para esta quarta-feira (13). Porém, só 2,2 mil lugares estão liberados para uso — o setor sul. Em maio, está prevista a liberação das sociais, com mais 5 mil assentos. E o resto da capacidade deve ser entregue até o final do ano.

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