A final do Gauchão será um momento de sentimentos mistos para a família Carreira, de Pelotas. O confronto entre Grêmio e Brasil-Pel reúne as duas paixões futebolísticas do advogado Eduardo Gil da Silva Carreira, de 42 anos, e de seus filhos Matheus, 11, Miguel, 10, e Otávio, 6. Gremistas e xavantes, ficarão divididos quando a bola rolar na Arena e no Bento Freitas nos próximos dois domingos.
Eduardo começou a torcer pelos dois na infância, por questões familiares. A amizade com um primo o fez ser tricolor, e a relação próxima com o avô paterno garantiu um espaço xavante em seu coração. Dividido, admite que prefere que o Brasil-Pel fique com o título estadual.
— É complicado, mas nesta situação eu vou torcer para o Brasil-Pel, o Gauchão é mais importante para eles. O Grêmio já vem numa sucessão de títulos e quer levar mais uma taça — explica.
— O amor pelo Grêmio foi desde sempre, desde pequeno, influenciado pelo meu primo. Uma parente nos presenteou com uniformes do Grêmio, sempre fomos parceiros de ir a jogos juntos. Com o Brasil, também vem de família. Meu avô era português, veio para cá e se identificou com o Brasil. Tinha até cadeira cativa na época.
Matheus, o mais velho dos três guris, era torcedor do Pelotas quando pequeno por influência dos padrinhos. Mas não resistiu ao bom momento xavante dos últimos anos, somado à fase complicada do Lobão, que disputa a segunda divisão estadual.
— Quando o Brasil subiu para Série D para a Série C, ele não resistiu à festa. Tinha oito anos e disse que, a partir dali, seria torcedor do Brasil. Hoje, é um parceiro para ir a jogo — conta o pai, ao dizer que os filhos priorizam o Grêmio em relação ao clube local.
Grêmio e Brasil-Pel vão se enfrentar na final do Gauchão apenas pela segunda vez na história. A primeira foi na edição inaugural do campeonato estadual, em 1919, com vitória do time pelotense. Portanto, Eduardo e seus filhos terão uma experiência inédita. Na pior das hipóteses, todos saem felizes de qualquer forma.