Ernesto Guedes treinou o São Paulo-RG pela primeira vez em 1979. Agora, 39 anos depois da estreia, volta a ser técnico do time de Rio Grande com a missão de salvar do rebaixamento o "clube do coração", como repete várias vezes. Originalmente contratado para ser coordenador técnico, foi convencido a trocar de função depois que a direção demitiu Claiton. Nesta terça-feira foi apresentado aos atletas junto à nova comissão técnica, com Jovilson Pereira e Fábio Recife, que trabalham nas categorias de base e serão auxiliares. Tentou dar treino, mas um temporal caiu sobre a cidade e impediu uma atividade mais forte. Depois de cumprir todas as burocracias às quais está tão acostumado em suas mais de 50 equipes diferentes que trabalhou desde os anos 1960, Guedes, 68 anos, conversou com Zero Hora.
Como foi mais um primeiro dia como técnico?
Foi muito bom, eu diria excelente. Conversei com os jogadores, fizemos uma análise individual e coletiva do que precisamos melhorar. Falamos sobre a nossa responsabilidade, a dos atletas. Precisamos estar juntos.
Fazia quanto tempo que não treinava?
Olha, acho que foi em 2009. Foi, sim. No Palmas, do Tocantins. Lançamos o Lucca (atualmente no Corinthians).
No São Paulo-RG, sua primeira passagem foi há quase 40 anos. O que mudou no futebol, no senhor, no clube desde 1979?
Os treinos não mudaram. Isso o que se faz hoje, de campo reduzido, bola parada, escanteio, já fazíamos há muito tempo. Acho até que existe um exagero nisso, precisamos ampliar o campo para dar profundidade e referência aos jogadores. O futebol mudou, principalmente porque a qualidade caiu. Hoje vemos muito mais retrancas, que costumam chamar modernamente de "jogar por uma bola". Naquela época, times como o próprio São Paulo-RG, o Inter-SM, o Caxias, o Juventude buscavam o gol, a troca de passes. Eram grandes equipes. Mas o futebol continua tendo dois momentos: ataque e defesa. O que aumentou realmente foi a quantidade de informações. Sabemos tudo sobre tudo. Resta saber o que fazer para absorver essas informações.
O que dá para fazer em pouco mais de duas semanas nesses três jogos?
Muita coisa. Traçamos os objetivos e vamos atrás eles. Vamos trabalhar bola parada, movimentações táticas para criar alternativas. O gol sai em mérito e erro. Precisamos forçar o adversário a errar.
Quantos pontos projeta?
Agora? Três (risos). Não posso pensar em mais do que isso. Quer um exemplo? Em 2001, assumi o Caxias nas rodadas finais da Série B de 2001. Jogamos contra o Paysandu e levamos 3 a 0 no primeiro tempo. Entrei no vestiário, todos cabisbaixos, inclusive a direção. Olhei para os jogadores e falei: "Nossa situação é melhor do que a deles agora. Eles não sabem o que fazer, se seguram o jogo ou se atacam. Nós sabemos o que temos de fazer, um gol. Não adianta pensar em quatro. É um de cada vez". Uma pequena alteração tática, de colocar um atacante para forçar um lateral deles que já tinha amarelo, foi suficiente. Viramos para 4 a 3. Futebol é cheio de histórias como essa, é preciso cabeça para conseguir.
Por que acredita que o São Paulo-RG vai escapar?
Porque nosso time tem qualidade. Na pior das hipóteses, é igual aos outros. Com um pouco mais de calma e capricho, vamos conseguir. Se a torcida vier ao estádio, vamos ganhar. Falo isso com o máximo de respeito aos adversários, aliás, não posso respeitar mais do que falando isso. Precisamos da torcida.