Novo Hamburgo e Inter decidem neste domingo, no Centenário, o título do Campeonato Gaúcho. A boa campanha anilada e os problemas colorados por conta de lesões tornam complicada a tarefa de definir qual das duas equipes é favorita. Abaixo, os colunistas opinam quem chega melhor à decisão do Gauchão. Confira:
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Diogo Olivier
Novo Hamburgo
O drama dos goleiros do Inter altera por completo o cenário de uma decisão que, no campo, conforme se viu no Beira-Rio, estava absolutamente igual. Pense no seu jogo de fim de semana: para não ficar desparelho, a regra número 1 é convidar dois goleiros de ofício para a pelada. Não será assim no Centenário. Além do mais, o Novo Hamburgo de Beto Campos é maduro, equilibrado e experiente. É preciso respeitar um time que lidera (lá se vão 16 jogos) desde a primeira rodada.
O desempenho, tanto no Beira-Rio quanto na Arena, como se estivesse no quintal de casa, fala por si. Ao mudar o esquema tático, do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1, fixando Amaral entre suas linhas, o Noia passou a marcar as flutuações do adversário, atrás dos volantes, com ainda mais eficiência. Beto Campos adotou o sistema para marcar Luan e Bolaños, e o manteve ao ter D'Alessandro pela frente. Some-se a este rendimento à fatalidade das lesões de Danilo, Lomba e Keiller, e teremos a leve vantagem para o Noia.
O Inter terá de impedir algo quase impossível durante 90 minutos: faltas perto da área e chutes de média e longa distância. Recuar a para o goleiro jogar, algo corriqueiro no futebol de hoje, passa a ser um risco enorme. Tudo isso vai depender do quanto o goleiro escolhido estará descontado até domingo, é claro. A troca de estádio, do Vale para o Centenário, não altera este cenário. Não para o Novo Hamburgo de 2017. O Inter tem a grandeza e a capacidade de superação que as grandes instituições do futebol exibem nessas horas. É preciso levá-la em conta: faço esta ressalva. Certeza mesmo, só de que será um jogaço final do Gauchão mais valorizado por seus participantes em muito tempo.
Maurício Saraiva
Novo Hamburgo
Embora me coloque em risco de ser contraditório, esta coluna tentará explicar como é possível um time chegar melhor do que o outro na decisão do campeonato e nem por isso ser o favorito ao título. É o caso do Novo Hamburgo. A volta de Preto restabelece a equipe ideal com a qual Beto Campos passeou no Gauchão sempre na liderança. Mantém-se Jardel, somam-se Branquinho e Juninho, João Paulo faz o pivô e Preto volta para ser o criador. O time está todo encaixado, não perdeu para a dupla Gre-Nal nos quatro enfrentamentos anteriores, tem uma das duas melhores defesas e um dos dois melhores ataques. Como pode não ser o favorito?
O discreto favoritismo colorado reside na qualidade individual de suas peças entre os 11 e as de reposição. Valdívia, por exemplo, está longe da melhor forma técnica, mas é muito bom jogador. Carlos, que será reserva de Brenner, tem velocidade e é acostumado a jogo grande. Nico López vive seu melhor momento no Inter, D'Alessandro é o melhor jogador do futebol gaúcho. Embora Antônio Carlos Zago tenha errado na escalação inicial dos dois últimos jogos, é bom treinador e deve ter feito a leitura de que não pode repetir um tripé de marcadores que empobrece tanto sua criação. Fará a devida correção para o jogo mais importante da temporada até aqui. Com a dificuldade bizarra de ter que levar a campo um goleiro com menos da metade de sua capacidade, creio que os demais jogadores fecharão questão em torno desta figura épica e darão mais do que têm. Esta construção, que reúne condição técnica e necessidade de superação, pode ser determinante para a definição do campeão gaúcho de 2017.
Então, como o leitor bem pôde perceber, me parece claro que quem chega melhor à decisão, por tudo que fez no campeonato, é o Novo Hamburgo. Quem acredito que será campeão, entretanto, é o Inter.
Luiz Zini Pires
Inter
Pisei na bola ao imaginar que o Novo Hamburgo cairia na Arena e seria superado em casa. Deixaria o Grêmio avançar rumo às finais do Gauchão. Errei ao trafegar pela lógica do futebol. Os grandes quase sempre superam os menores. Quem mais investe normalmente levanta taça. Os melhores jogadores vencem. O futebol reflete algumas verdades.
Ao assistir ao Novo Hamburgo três vezes nas últimas semanas, em duas semifinais e no jogo de ida das finais, não posso esquecer do heroísmo dos seus jogadores e da perfeita organização tática do treinador do ano no futebol gaúcho, Beto Campos. O Noia não foi pequeno em 270 minutos. Jogou com inteligência. Não sentiu o gigantismo da Arena, defendeu, atacou e marcou gol, e do Beira-Rio, fez o adversário correr atrás quase o tempo inteiro em busca de dois gols.
Como não disputará a partida final no Estádio do Vale, o que é perfeito para a segurança dos fieis torcedores, o equipamento não resistiria intacto a uma decisão, a alternativa Caxias não é um ET. É campo neutro, bate igual nos dois lados.
O entorno da finalíssima será o mesmo. A torcida colorada tomará 85% do Centenário. Foi quase 100% no domingo passado, na Capital, e o Noia disputou talvez a melhor partida de 2017. O jogo final se medirá pela maior qualidade técnica do Inter e a imensa entrega do Noia. Campos é melhor do que Zago. Mas o Inter tem alguns atletas que me fazem colocar meu rico dinheiro no Inter. O Noia não tem ninguém como D'Alessandro, Nico López e Brenner. A porta do título do Inter se abre com a chave dos três jogadores.
Nado nas ondas da lógica outra vez. Mas posso estar completamente encharcado pela cultura Gre-Nal.
Wianey Carlet
Novo Hamburgo
É fácil identificar quem chega melhor para a decisão do título desta temporada. Basta ignorar as cores dos dois clubes e fixar atenção, exclusivamente, nos desempenhos dos times durante toda a competição. Ainda sobrevivem outros elementos que reforçam a ideia de favoritismo. Começando pelo fim: o Novo Hamburgo chega melhor para a decisão e é o favorito para levantar a taça. A seguir, cinco razões que indicam o Novo Hamburgo como favorito:
1 – Os números indicam o Noia como a melhor equipe do campeonato. Time algum lidera o campeonato desde o começo até a penúltima rodada sem merecer o reconhecimento de que é o melhor entre todos.
2 – O Novo Hamburgo enfrentou cinco vezes a Dupla Gre-Nal e não perdeu nenhum jogo. E foi o único a vencer.
3 – Ninguém se defende como o Novo Hamburgo. Ninguém ataca como o Novo Hamburgo. Ninguém joga como o Novo Hamburgo.
4 – O Noia entrará em campo, domingo, sem qualquer responsabilidade de vencer. Joga com a alma leve e o espírito solto. Nestas condições, qualquer time joga melhor. Isto é: joga o máximo que sabe e pode.
5 – O Novo Hamburgo leva para a decisão o melhor goleiro do campeonato: Matheus. O Inter terá que escalar um goleiro que ainda se recupera de uma fratura e não terá na reserva alguém da posição.
Tudo leva a crer que o Novo Hamburgo erguerá a taça de campeão. Entretanto, como no boxe, pode acontecer a grande surpresa. O Noia é o pugilista que ganha todos os assaltos, mas no último acertam-lhe um direto na ponta do queixo. Nocaute. Quem perdia, ganhou.
Recomendei no início do texto que fossem ignoradas as cores dos dois clubes. Agora, façam o contrário. Favorito parece ser o vermelho. Parece.
*ZHESPORTES