Havia uma peculiaridade na rotina de treinos do Novo Hamburgo. Se Júlio Santos chegasse atrasado, por consequência, João Paulo, Juninho, Jardel e Branquinho também perderiam a hora. Os cinco se enfiavam em um Renault Logan, emprestado por um tio de Jardel, guiado pelo zagueirão e iam até o Estádio do Vale juntos. Até colocaram um apelido: o bonde do Noia.
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João Paulo, Júlio, Juninho e Jardel moravam no mesmo condomínio, Branquinho, a duas quadras. Por isso, o trajeto acabava sendo mais rápido e descontraído.
Por exemplo: Júlio dizia que os colegas aproveitavam que ele era o único com habilitação para ficar quietinhos e garantir a carona. Não era bem assim: no fim das contas, todos têm carteira de motorista.
Mas uma parte era verdade: eles deixavam que o experiente defensor guiasse os caminhos – mesmo que eventualmente se perdesse pelas ruas da cidade do Vale do Sinos. Até porque isso garantiria horas de piadinhas com o xerifão.
No caminho, as brincadeiras não paravam. Ou melhor: até paravam, quando João Paulo levava sua caixinha de som para ouvir as mais variadas pérolas da música pop-techno-brega brasileira. Quanto mais os colegas reclamavam, mais alto era o volume.
Neste ambiente de alegria, mal dava para perceber o quanto estavam apertados no banco de trás.