Enquanto trabalhava na partida entre Vila Nova e Vasco, quarta-feira, em Goiânia, pela Copa do Brasil, Leandro Vuaden, 41 anos, já pensava no Gre-Nal. Sorteado nesta quinta-feira, irá apitar no sábado seu 11º clássico com a mesma sensação desfrutada no primeiro, em 2006, como diz nesta entrevista a Zero Hora.
Natural de Estrela, ele passa a ser o quinto árbitro que mais atuou na partida, superando nomes como Leonardo Gaciba, Renato Marsiglia e Luiz Cunha Martins. Seu retrospecto aponta seis vitórias para o Inter, uma para o Grêmio e três empates.
No clássico, seus assistentes serão Lúcio Beiersdorf Flor e José Eduardo Calza. Eleno Gonzales Todeschini atuará como quarto árbitro.
Como soube do resultado do sorteio?
Jorge Bernardi, um assistente de Venâncio Aires, ligou e me deu parabéns. Até brinquei que não estava de aniversário, mas imaginei que fosse pelo sorteio mesmo. Trabalhei ontem (quarta-feira) em Goiânia pela Copa do Brasil, mas tinha a expectativa de apitar o clássico. É o maior espetáculo do Estado. Como árbitro, quero participar. Sem sacanagem, parece que é o primeiro.
Como é a preparação antes do jogo?
Hoje, foi descanso depois de chegar da viagem. Amanhã (sexta-feira), uma caminhada de uma hora com a patroa. Às 18h, já vamos para a concentração no hotel. Às 19h, já tem reunião com toda a comissão de arbitragem. Teremos um massoterapeuta no vestiário, para o primeiro alongamento e aquecimento e principalmente após o jogo.
Quanto um árbitro ganha para apitar um Gre-Nal?
Já com os descontos e taxas, deve ficar em torno de R$ 3,5 mil a R$ 3,8 mil.
A profissionalização da arbitragem é uma necessidade?
Torço para que possa se tornar uma realidade. É algo mais do que maduro. Há um desnível muito grande entre cobrança e reconhecimento. Mas a Federação Gaúcha remunera bem e seria injusto fazer qualquer tipo de comentário nesse momento que não fosse nesse sentido.
Com você, o Inter ganhou seis de dez Gre-Nais. Teme críticas de parte do Grêmio?
Estatísticas fazem parte da história. Está escrito. Me preocupo com os 90 minutos para evitar que minha atuação possa ficar manchada. Me chateia quando dizem que tive interferência no jogo. Mas isso não tem acontecido. Torço para que seja um Gre-Nal com bastante gol e pouca polêmica.
Trabalhar em um Gre-Nal com muitos jogadores estrangeiros é mais difícil? Como é a relação com eles?
Eles me compreendem bem. Fui árbitro Fifa por oito anos, apitei vários jogos fora e sempre tive facilidade em falar espanho com os jogadores. Os árbitros de Montevidéu até diziam que eu parecia uruguaio. Eles sabem que precisam jogar e não falar muito. Às vezes, é preciso uma advertência verbal. Mas sempre com muito respeito.