Daison Pontes e Bebeto: um zagueiro que batia até em árbitro e um atacante que marcou 173 gols pelo clube e sagrou-se duas vezes artilheiro do Gauchão Esses dois nomes integraram o time do S.C. Gaúcho no estadual de 1973 e tornaram-se verdadeiras lendas do futebol de Passo Fundo.
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– Foram dois jogadores que tiveram sua notoriedade na cidade e também no futebol do Rio Grande do Sul. O Daison teve um problema em relação arbitragem. Acabou agredindo um juiz e acabou ficando muito tempo fora do futebol. Já o Bebeto foi um goleador extraordinário, reconhecido nacionalmente – atesta Ari Machado, comentarista da Rádio Planalto.
Daison, natural de General Câmara, foi o mais famoso dos irmãos Pontes. Não o melhor, mas o mais conhecido. Os outros eram Bibiano, que jogou no Inter durante a década de 1970, e João, que atuou com o próprio Daison no Gaúcho. Mesmo que tivesse alguma qualidade, Daison notabilizou-se pelo jogo viril. Chegou a jogar no Flamengo do Rio, mas ficou apenas três meses porque batia muito, inclusive nos colegas durante os treinos, e acabou sendo dispensado.
O pesquisador Marco Antônio Damian conta que Daison, quando jogava pelo Cruzeiro de Porto Alegre, participou de uma excursão e, num jogo na Costa Rica, deu um carrinho num cachorro que invadiu o gramado. A torcida local não perdoou e começou a gritar: assassino de cachorro, assassino de cachorro.
Já Bebeto era muito mais tranquilo. Mas isso não impediu que fosse chamado de Canhão. Ou melhor, Canhão da Serra, apelido dado pela imprensa passo-fundense em razão da habilidade em bater na bola.
Segundo pesquisa de Lucas Scherer, Bebeto marcou 399 gols e foi o maior artilheiro da história do Gaúcho com 263 gols. Ele foi artilheiro em 1973 com 13 gols e repetiu a dose em 1975, dividindo a liderança com Tarciso, do Grêmio. No total, ele marcou 173 em jogos válidos pelo Gauchão.
Alberto Vilasboas dos Reis, natural de Soledade, chegou a Passo Fundo para estudar. Entre as aulas do curso técnico de Contabilidade, achou tempo para iniciar a carreira no 14 de Julho em 1966. No ano seguinte transferiu-se para o Gaúcho e entre idas e vindas jogou pelo clube até 1985. Ao longo desse período, teve passagens por Corinthians, Inter, Bahia , Grêmio e Caxias, entre outros. Bebeto faleceu em 2003, aos 57 anos.
Daison faleceu em 2012. Seu nome tornou-se uma ameaça para os centroavantes gaúchos. Pois, se dizia na época, que centroavante bom era o que sobrevivia aos jogos contra o Gaúcho no Wolmar Salton.
– Jogar no Wolmar Salton era muito complicado, pois ali estavam os irmãos Pontes. O Daison era forte e partia para o embate com muita força. E isso fazia com que os atacantes, não só da Dupla Gre-Nal, jogassem de uma forma mais macia, evitando o choque – destaca Ari Machado.
Daison tinha cara de mau. Batia e dizia que batia. Fazia declarações fortes e não tinha medo de encarar ninguém, nem mesmo a arbitragem. Acabou expulso 18 vezes ao longo da carreira.
O seu episódio mais conhecido aconteceu em 1974 num jogo entre Gaúcho e Inter de Santa Maria. O árbitro José Luís Barreto advertiu Daison dizendo que, caso ele não parasse de bater, ele marcaria pênalti. E após mais uma falta do zagueiro, Barreto assinalou a arbitragem. Furioso, Daison partiu para cima do árbitro desferindo socos e pontapés. O resultado da confusão foi uma suspensão de 18 meses dos quais ele cumpriu doze e depois recebeu uma redução da pena.
Bebeto e Daison fizeram parte da campanha do Gaúcho em 1973. O time-base tinha Carlos Alberto, Gringo, João Pontes, Daison Pontes e Luiz Canos, Raul Matté, Paraná e Luiz Freire, Levinha, Bebeto e Serginho. Naquela edição do Gauchão, a equipe terminou em sexto lugar, num campeonato em que o Inter alcançou o pentacampeonato e que foi o último de Daison e Bebeto, duas lendas do nosso futebol.
*ZHEsportes