O Lajeadense corre o risco de passar do status de "Campeão de Tudo" do Interior a ilustre integrante da Divisão de Acesso, ou a Segundona, como é conhecida. A partida deste domingo, contra o Inter, é apontada como decisiva.
Se tropeçar, o rebaixamento será iminente – depois, haverá o Grêmio, na Arena, o Veranópolis, em confronto direto em casa, e o Ypiranga no Colosso da Lagoa. A queda livre explica-se pelo corte de recursos. A folha caiu de R$ 170 mil para R$ 130 mil. A injeção de investimentos a partir de incentivos fiscais caiu de forma drástica com a política de austeridade do governo estadual.
O presidente Everton Giovanella preferiu correr riscos no Gauchão a endividar o clube com um time para brigar na parte alta. Sabia do perigo e apostou.
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Conversei por mais de meia hora com Giovanella na tarde desta sexta-feira. Ex-meia talentoso, lançado pelo Lajeadense no início dos anos 90, com passagem pelo Inter e larga carreira em Portugal e na Espanha, ele foi quem impulsionou a retomada do futebol na cidade em 2009. Deixou claro na nossa conversa a preocupação em preservar o patrimônio do clube – além, do Estádio Alviazul, são mais 28 hectares.
Além da falta de dinheiro, ele apontou outro fator determinante para o drama do seu time: a curta duração do Gauchão. O campeonato, embora pague boa cota, não permite erros. O Lajeadense errou no início, escolheu uma comissão técnica verde. Não ganhou outra chance.
Pegando esse exemplo, fica mais claro para mim que os estaduais devem ser pensados sem Grêmio e Inter. Precisam preencher o calendário dos times do Interior. Permitir que lancem jogadores com calma, que errem e acertem e que joguem tendo no horizonte a perspectiva de um título. Depois de eles enfrentarem esse processo todo, aponta-se os melhores. E esses vão cruzar com a Dupla.
Todos sairiam ganhando com isso. Os pequenos, porque vão jogar para conquistar algo. Os grandes, porque terão tempo de sobra para conquistar algo além do que vem conseguindo desde 2011 – que é esse Gauchão apressado e sem valor técnico. Ou alguém de Grêmio e Inter acredita que a taça do Gauchão serve de parâmetro para o Brasileirão?