Leocir Dall'Astra desfruta dos louros da longevidade no Ypiranga, algo raro no futebol brasileiro. É o treinador que está há mais tempo no cargo entre as 16 equipes que disputarão o Gauchão. Completa três anos no comando do time de Erechim em fevereiro - supera Rogério Zimmermann, que chegou ao Brasil-Pel em maio de 2012.
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Neste período, o treinador viveu alegrias e frustrações no Colosso da Lagoa. Mas nunca lhe faltou respaldo. Afinal, foi bancado pela diretoria mesmo após o rebaixamento no Gauchão logo na sua chegada, em 2012. Na Divisão de Acesso do ano seguinte, levou o Ypiranga até a semifinal do segundo turno. Mas o sonho de retornar à elite esbarrou no Aimoré.
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O time de São Leopoldo, naquele ano, ainda impôs outra derrota a Dall'Astra. O treinador foi emprestado ao Riograndense-SM para a disputa da repescagem. Mas não conseguiu a vaga.
- Fiquei lá por uma semana, foi um acerto para treinar o time nos dois jogos contra o Aimoré. Nem recebi contrato, nem nada. Ainda estava vinculado ao Ypiranga - explica o treinador.
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Em 2014, Dall'Astra viveu um ano totalmente diferente. O time de Erechim iniciou a Divisão de Acesso a plenos pulmões. No primeiro turno, teve 80% de aproveitamento e avançou de fase como líder do Grupo B. No mata-mata, superou Panambi e Inter-SM antes de chegar à final contra o Brasil de Farroupilha: conquistou o turno e garantiu o retorno à elite.
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Na segunda parte do campeonato, o Ypiranga foi eliminado nas quartas de final. Mas o lugar na decisão já estava garantido. E a consagração veio em grande estilo: uma goleada por 4 a 1 sobre o Avenida fez o Colosso da Lagoa, lotado com 20 mil torcedores, explodir em alegria na festa pelo título da Divisão de Acesso.
- A torcida nos abraçou no ano passado. Vendemos 6,5 mil ingressos na véspera da decisão, isso nunca tinha acontecido na história do Ypiranga - relembra Dall'Astra.
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Para o início do Gauchão, o técnico contará com 26 atletas em seu plantel. Ao todo, permaneceram 12 jogadores do ano passado e 14 contratações foram realizadas. Os destaques do time são o volante Preto, ex-Novo Hamburgo e Caxias, o meia Jean Paulo, com passagem pela Udinese-ITA, e o atacante Otacílio Neto, 32 anos, ex-Corinthians e Goiás.
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"Você precisa ter coragem e ousadia, mas sem cometer loucuras"
Entrevista - Leocir Dall'Astra, Técnico do Ypiranga
Como você conseguiu ficar tanto tempo no clube?
Foi o trabalho que sustentou esta durabilidade. Como profissional, sempre abraço a equipe em que estou. Quando fui campeão do Acesso, tive quatro convites de equipes em que ganharia mais e teria maior visibilidade. Mas preferi ficar. O trabalho a longo prazo é uma cultura dos dirigentes do Ypiranga. Então, pela continuidade, você consegue ter uma identificação um pouco maior.
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Um trabalho a longo prazo, mas com baixo orçamento.
Trata-se de uma contrapartida. O presidente Osvaldino Fuzinatto é diferente dos demais: ele te dá tranquilidade e estabilidade. Em futebol, não existe muito planejamento nem a curto e nem a longo prazo. Mas aqui conseguimos ter um planejamento mais longo. Você fica no clube porque conhece quem toma as decisões. E não é por uma derrota ou outra que será demitido.
Seu salto na carreira foi em 2011, com o Cruzeiro?
Lá eu mudei muito meu conceito de fazer futebol. Vi que mesmo com uma equipe pequena você precisa ter coragem e ousadia, mas sem cometer loucuras. Você tem de buscar a vitória desde o início, por isso gosto de formar equipes que jogam para frente. Dou confiança e suporte para que os jogadores possam errar. Mas eles precisam ter comprometimento.
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Chegou a hora de o Ypiranga se firmar na primeira divisão?
Queremos fazer uma equipe sólida, para que o clube se mantenha entre os principais do Estado. Nossa ideia é atingir o patamar de Juventude, Caxias e Brasil-Pel, que hoje disputam a Série C.
Pelo que o Ypiranga brigará no Gauchão?
Nós trabalhamos por etapas, mas temos um objetivo claro na competição. Primeiro, temos de garantir a permanência na elite para 2016. Mas isto não é o suficiente para nós. Temos de buscar a classificação entre os oito melhores. Aí depois a gente sabe que será outro campeonato. Em cada jogo de mata-mata, a história pode ser diferente. A concentração é fundamental.