O pivô Matheus Gaúcho se encontrou com a artilharia do Gauchão de Futsal mais uma vez em 2023. Depois de ser o goleador em 2021, com 33 gols, ele repetiu o feito neste ano ao balançar a rede em 20 oportunidades. O atleta foi até as semifinais da competição com o Passo Fundo, clube pelo qual completou cinco temporadas e vai para a sexta em 2024.
Em entrevista à GZH, o jogador de 32 anos conta sobre como o guri criado nas quadras do Clube dos Empregados da Petrobrás (Cepe), em Canoas, evoluiu até se tornar um sinônimo de gols no Rio Grande do Sul. Em breve, Matheus Gaúcho vai alçar um voo ainda maior e inédito ao lado dos colegas de Passo Fundo: a participação no primeiro Campeonato Brasileiro de Futsal. Leia a entrevista abaixo.
De que forma começou a sua relação com o futsal?
Eu comecei no Cepe, nas categorias de base. Em 2009, fui para São Paulo, no RCG Garça, sub-20. Em 2010, fui para o Intelli, em 2011 para o Suzano/Drummond, onde subi para o adulto. Fiquei até 2014 lá. Em 2015, voltei para a Intelli.
E como você foi parar no Passo Fundo?
Em 2017, fui para fora do país e voltei em maio. Depois, fui para o Tapejara, fiquei até 2019, quando recebi o convite do Passo Fundo. É um lugar muito bom para jogar. Os torcedores, diretores, são muito gente boa.
Voltando ao início no futsal, como se deu a decisão de jogar como pivô?
Eu sempre joguei de pivô. Nunca joguei muito em outras posições, a não ser no colégio. Quando se é criança, não tem posição fixa. Eu sempre joguei futsal, meus pais apoiaram. Ali no Cepe, eu aprendi a jogar, os fundamentos, as jogadas, a organização. Quem me ensinou mesmo foi o professor Edu, que é de Porto Alegre.
Foi difícil a decisão de seguir a carreira profissão de jogador de futsal?
Até foi fácil. Minha família me criou para jogar bola. No Cepe, eu recebia passagem, recebia rancho. A gente era um pouco remunerado. Davam um tênis, Dalponte, que a gente até brincava, "o Dalponte com cadarço do lado". Davam passagem de ônibus e trem. A gente não tinha custo nenhum para ir para o treino. Todo dia 25 saía com rancho, uma cesta básica para a minha família. O quarteto do time do Cepe tinha uma bolsa do colégio Concórdia também.
Chegando em 2023: quando é a sua avaliação sobre a temporada do Passo Fundo?
Foi bem legal para a gente. Desde 2019, a gente tá sempre chegando entre os quatro. Em 2021, a gente chegou na final. A gente jogou com a ACBF. O Passo Fundo está sempre fazendo bons times. A cobrança é bem alta para pelo menos chegar entre os quatro. Eu acho que, hoje, o Passo Fundo é a terceira força do Estado. Com todo o respeito à Assoeva, que joga a Liga Nacional. Falta para o Passo Fundo jogar uma Liga Nacional. Vai jogar o Brasileiro agora. Foi um grande ano. Tivemos muitas lesões. Se a gente tivesse completo, dava para chegar à final. Mas a final ficou em boas mãos. A Uruguaianense merecia chegar à final.
Por que você acredita que conseguiu ser o artilheiro do Gauchão neste ano?
Todo mundo me pergunta sobre os gols. Eu não penso muito em gols, sendo bem sincero. Eu já fui artilheiro da Liga Gaúcha em 2021. Eu não penso em ser artilheiro. Se é com passe, com marcação, no treinamento, eu gosto de competitividade. Não faço nada sozinho. Eu não pego a bola na minha área e saio driblando todo mundo. Eu preciso do cara que dê o passe, da defesa organizada. O time me ajudou bastante a fazer os 20 gols.
O futsal, assim como futebol e outros esportes, tem se tornado cada vez mais intenso e é um jogo no qual a parte física se sobressai. Por conta da falta de espaços, está muito difícil jogar como pivô?
Cara, não é porque é a minha posição, mas, se tu pegar, a gente tá sempre de costas, ou para o nosso gol ou para o gol adversário. Então, a gente tá sempre um passo atrasado. No jogo, os alas estão de frente. O back (fixo) está mais de frente que os alas, até. Eu tento me poupar um pouco mais. Podem falar "ah, mas o Matheus não marca, o Matheus é pesado", mas eu tento não roubar a bola porque eu sei que não vou conseguiu voltar. É difícil jogar de pivô. Está sempre de costas, tomando pancada, com poucos espaços. E, às vezes, a bola não vem tão boa. Eu costumo dizer no Passo Fundo: joga a bola para frente. É melhor perder a bola na frente do que atrás. Os fixos também estão muito fortes.
Qual é a sua expectativa para 2024, com o Campeonato Brasileiro de Futsal e a chegada do treinador Flavinho Cavalcanti?
A expectativa é fazer um grande ano de novo. Qualquer campeonato que a gente entra, a gente entra para ser campeão. Sobre o treinador, faz parte da reformulação, faz parte das mudanças, outra filosofia de trabalho. Sei que vai ter algumas contratações, que vão colocar na internet. O Passo Fundo sempre vai faz um time competitivo. A gente vai estar lá incomodando. Quanto ao Brasileiro, a gente tem que ir com os pés no chão. São muitas viagens. O Passo Fundo não está acostumado com isso, com um monte de jogos. Vamos ter que se cuidar mais para jogar todos os jogos desse ano.