O gol olímpico não é muito rotineiro no futebol. Raramente, vê-se uma cobrança de escanteio terminar nas redes adversárias. Mas, no Gauchão Feminino, uma atleta já marcou assim em duas oportunidades. Trata-se da volante Carol Sangue, do Elite.
No embate com o Guarany de Bagé, fez dois gols de bola parada: um olímpico e outro de falta. Depois, diante do Vidal Pro, balançou as redes nos acréscimos da segunda etapa para garantir a vitória. Mais uma vez, olímpico.
— Na verdade, eu sempre quis bater escanteio. Mas, por eu ser gigante, sempre me mandavam para a área: "Bem capaz que tu vais deixar de estar na área para cobrar escanteio". E aí, no Elite, eu consigo. Na verdade, não tinha quem cobrasse e eu fui e cobrei. Mas o espaço é minúsculo (risos). Na primeira vez (contra o Guarany-Ba), testei para ver como eu conseguiria bater na bola. Porque era muito ruim o espaço, eu tinha de subir o morrinho e descer para chutar. Aí, eu consegui bater lá no segundo pau. E, na segunda tentativa, pensei: "Agora vou colocar um pouquinho mais de força e vou tentar (olímpico)". E consegui. Fiquei muito feliz — completa a volante, em entrevista à GZH:
— Neste jogo agora, contra o Vidal Pro, a menina estava batendo e eu pensei: "Vou deixar ela cobrar. Não vou achar que só porque fiz um, vou fazer todos". E chegou no finalzinho, era o último escanteio do jogo, e começaram a gritar para eu bater. E como é o futebol, né, deu tempo de eu pensar ainda "vou ou não vou?", porque a menina estava no chão. Então, fui perto da Gabi, que ia cobrar, e falei: "Deixa que eu cobro, tu estás muito cansada". Só que, quando ela saiu, ninguém viu que eu fiquei lá. Falei para ela: "Fica aqui na (cobrança) curta". Eu fui cobrar rápido, o árbitro mandou voltar, eu até briguei com ele. Mas fui para a cobrança de novo, olhei e pensei: "Quer saber, vou chutar essa bola para o gol". Chutei e deu certo. Fui feliz, de novo.
O seu gol, no último domingo (20), garantiu a vitória por 1 a 0 sobre o Vidal Pro e mais três pontos para o Elite. Com isso, o time de Ijuí permaneceu na terceira colocação e chegou aos seis pontos, encaminhando o primeiro objetivo: a classificação.
— O grupo está bem focado, o problema é que não conseguimos treinar, nos juntamos e jogamos. Como havíamos jogado juntas em 2021 e o grupo é praticamente o mesmo, fica mais fácil. Cada uma entra e dá o seu melhor, e vamos nos entendendo. Aos poucos, vai se encaixando. Acredito que vamos fazer uma boa campanha — avalia.
O próximo desafio é diante do Flamengo de São Pedro, no domingo (27), às 11h, no Bertholdo Christmann. O embate é tido como um clássico da região e, na última temporada, definiu o classificado às semifinais. À época, o Elite venceu e ficou com a vaga.
— Estamos muito focadas neste próximo jogo, que é clássico. Então, o foco maior é esse. Mas, sempre na preleção, falamos que cada partida é uma final. E, assim, acredito que vamos mais adiante — projeta Carol Sangue.
Após ficar na trave em 2022, justamente para o Juventude, ex-clube de Carol Sangue, o Elite busca a vaga à Série A-3 do Brasileirão Feminino neste ano. A experiência da volante, que foi campeã do Interior na última temporada, pode ajudar na conquista inédita.
— Eu tento passar um pouco do que já aprendi para elas. Durante o jogo, tento passar para elas: "Sobe mais a linha, cuida o balanço". Enfim, tento passar essa experiência que adquiri durante todos esses 13 anos em que jogo Gauchão — finaliza.