Em uma noite estranha, a Seleção Brasileira encerrou uma de suas temporadas mais esquisitas. Dezessete dias depois de ter conquistado a glória eterna no Maracanã com o Fluminense, Fernando Diniz sentiu, nesta terça-feira (21), no mesmo palco, o gosto azedo de perder para a Argentina por 1 a 0 e ver a torcida deixar as arquibancadas antes do apito final. Amargo a ponto de ser a primeira derrota do Seleção como mandante na história do Brasil em Eliminatórias.
Após seis rodadas, a Seleção está na sexta colocação, a última que concede uma vaga direta na Copa do Mundo de 2026. Em um ano em que não teve um técnico efetivo, o time brasileiro mais perdeu do que ganhou. Foram cinco derrotas, três vitórias e um empate. Desde 1963, o Brasil não fecha um ano em que comemorou menos triunfos do que sentiu a acidez das derrotas. Há 60 anos, foram oito vitórias, três empates e nove derrotas. O 2023 também se encerrou sem que a equipe tivesse um gol marcado por centroavante.
As Eliminatórias voltam somente em setembro de 2024. Até lá, o Brasil disputa amistosos, o primeiro deles contra a Inglaterra, em março. Na sequência, tem a disputa da Copa América. A competição deve marcar a estreia de Carlo Ancelotti como técnico.
A primeira metade do jogo foi mais um duelo para ver quem gritava mais e quem era mais ríspido do que um duelo para averiguar o dono do melhor futebol. Cada um dos 22 em campo tentava autografar a canela do adversário com as travas de suas chuteiras. Lutas do UFC foram menos renhidas do que os instantes iniciais de Brasil e Argentina. Quando o relógio apontou 15 minutos, as estatísticas apresentavam nove faltas, isso só as assinaladas pelo árbitro, e quatro minutos de paralisação. Um terço das infrações foi sobre o argentino De Paul.
O Brasil estava tão pilhado quanto empolgado. Posicionados no campo adversário, os jogadores dificultaram a saída de bola. Encurtaram espaços. Forçaram atravessadas de bola. Os erros de passe surgiram. A grande chance para marcar não. O jogo passou longe dos pés de Messi. Consequentemente, Alisson também foi um telespectador da partida. A poeira assentou depois dos 30 minutos.
História é feita pelo Brasil no Maracanã da pior maneira
Confira na coluna
Na parte final da primeira etapa, a Seleção conseguiu duas finalizações. Primeiro com Raphinha. O gaúcho cobrou falta que passou zunindo pela trave, aos 37 minutos. Pouco antes do intervalo, a chance esteve no pé de Martinelli. Ele pegou a rebarba do escanteio. Seu chute entraria se não fosse Romero aparecer antes de a bola cruzar a linha.
A adrenalina caiu após o período de descanso. O time de Fernando Diniz deu continuidade ao que fez nos instantes finais do primeiro tempo. Criou, mas não marcou. Em virada de jogo de Bruno Guimarães, Raphinha invadiu a área, se desvencilhou do zagueiro, mas parou em Martínez. Chance mais clara teve Martinelli, três minutos depois. Gabriel Jesus conduziu por quase meio-campo e soltou para o seu companheiro de Arsenal. Frente a frente com o goleiro, o camisa 7 perdeu a disputa.
Então, na única bola que foi no gol, ela entrou. Após cobrança de escanteio da direita, Gabriel Magalhães não alcançou a bola. André perdeu a disputa no ar para Otamenti. O testaço entrou no ângulo da meta de Alisson, aos 17 minutos.
O futebol brasileiro e o fundo do poço
Confira na coluna
Diniz fez o que faz no Fluminense. Tirou um zagueiro (Gabriel Magalhães). Colocou mais um volante (Joelinton) para recuar André para a zaga. A troca não surtiu efeito. Joelinton também entrou. Logo, saiu. Após se desentender com De Paul, levou cartão vermelho. A Argentina controlou o jogo para encerrar com derrota um ano em que o Brasil esteve longe de ser Brasil.
Eliminatórias da Copa do Mundo
6ª rodada – 21/11/2023
Brasil
Alisson; Emerson Royal, Marquinhos (Nino, INT), Gabriel Magalhães (Joelinton, 26'/2ºT)e Carlos Augusto; André e Bruno Guimarães (Douglas Luiz, 32'/2ºT); Raphinha (Endrick, 26'/2ºT), Rodrygo e Gabriel Martinelli (Raphael Veiga, 32'/2ºT); Gabriel Jesus. Técnico: Fernando Diniz.
Argentina
Martínez; Molina, Romero, Otamendi e Acuña (Tagliafico, 20'/2ºT); De Paul, Fernández (Paredes, 24'/2ºT), Mac Allister e Lo Celso (Nico González, 24'/2ºT); Messi (Dí Maria, 32'/2ºT) e Julián Álvarez (Lautaro Martínez, 32'/2ºT). Técnico: Lionel Scaloni.
GOL: Otamendi, aos 17min do 2ºT
CARTÕES AMARELOS: Gabriel Jesus, Raphinha, Carlos Augusto (B);
CARTÃO VERMELHO: Joelinton (B)
ARBITRAGEM: Piedro Maza, auxiliado por Cláudio Urrutia e Miguel Rocha. VAR: Juan Lara (quarteto chileno)
PÚBLICO: 68.138 (total)
RENDA: (não informada)
LOCAL: Maracanã, no Rio de Janeiro
Próximo jogo
Sábado, 23/03
Inglaterra x Brasil
Wembley – Amistoso