A Argentina tem um protagonista de finais que busca no Catar a chance de uma redenção do que viveu no Brasil oito anos atrás. Em 2014, Di María ficou fora da final da Copa do Mundo diante da Alemanha, no Maracanã, por uma lesão muscular. Neste ano, o camisa 11 argentino voltou a ter um problema físico durante a fase de grupos, mas se recuperou e está à disposição de Lionel Scaloni para a decisão com a França.
A titularidade de Di María no domingo, no Estádio Lusail, ainda não é garantida pela questão tática – há possibilidade de Scaloni optar por uma escalação mais defensiva com o volante Paredes ou um terceiro zagueiro e apenas Messi e J. Álvarez na frente, mas certamente irá participar do jogo em algum momento. A história de Di María com a seleção argentina tem nas finais a mistura de glória com decepções e lesões.
Em 2008, ainda pela equipe olímpica, Di María foi o autor do gol que deu o ouro para a Argentina em Pequim ao aproveitar um passe de Messi e tocar por cobertura no goleiro nigeriano Ambruse Vanzekin. Essa característica de finaliza por cima dos goleiros se repetiu nos títulos com a seleção principal. O mais importante deles contra Ederson na final da Copa América de 2021, no mesmo Maracanã, diante do Brasil. Neste ano, na disputa da Finalíssima com a Itália no duelo entre os campeões da América do Sul e da Europa, repetiu a dose.
Decepção e choro
A alegria vivida no Maracanã em julho do ano passado foi para Di María uma redenção no palco onde viveu a maior frustração da carreira. Principal destaque da Argentina depois de Messi no Mundial do Brasil, ele sofreu uma lesão muscular no confronto das quartas de final contra a Bélgica.
Di María passou por tratamentos na expectativa de voltar caso a equipe chegasse até a final, o que aconteceu. No entanto, no dia da decisão no Maracanã, o Real Madrid, que na época negociava a venda do jogador para o Manchester United, enviou uma carta para Associação do Futebol Argentino (AFA) solicitando a não escalação dele pelo temor de que o agravamento do problema pudesse impedir a concretização do negócio. O próprio Di María contou anos depois que rasgou essa carta e pediu para jogar.
— Eu sabia que o Real Madrid queria me vender, e a carta chegou. Daniel (Martínez, médico da seleção argentina) me disse que era do Real Madrid, mas eu nem queria olhar e rasguei — contou o jogador em entrevista à emissora argentina Telefe, em 2020.
Mesmo com o pedido, o técnico Alejandro Sabella optou por deixar Di María no banco. Como o jogador estava longe das melhores condições físicas, sequer entrou no decorrer da partida.
A sina de lesões de Di María em finais seguiu. Em 2015, ele iniciou a decisão da Copa América contra o Chile, mas precisou sair ainda no primeiro tempo por uma lesão muscular. Em 2016, na Copa América Centenário voltou a se lesionar durante a competição. Ele até atuou na nova decisão contra o Chile, mas sem as melhores condições físicas.
Agora Scaloni tem a possibilidade de contar com Di María, mesmo que sem estar 100% fisicamente. No domingo saberemos qual capítulo a nova final trará para o argentino que passou por glória e choros em decisões pela Albiceleste.