Domitila Becker, jornalista brasileira que está no Catar cobrindo a Copa do Mundo pelo portal Uol, afirma ter sido intimidada por homens na arquibancada do estádio Al Thumama, onde aconteceu o jogo entre Estados Unidos e Irã, nesta terça-feira (29). Em um vídeo publicado por ela no Instagram, a repórter conta que procurava torcedoras do país persa para conversar sobre a situação das mulheres que sofrem com as restrições impostas pelo governo iraniano. Entre outras proibições, elas não podem frequentar praças esportivas como estádios.
— Estou um pouco… emocionada. Porque, nossa, foi uma situação bem tensa. Entrei na torcida para conversar com as mulheres, ver como que elas torciam e como estava a situação lá no Irã, se alguma seguia protestando pois lá os conflitos seguem piorando. As pessoas na torcida começaram a me perseguir. Tiraram fotos minhas, do meu crachá, e das pessoas com quem eu estava conversando. Assim as mulheres pediram para não falar mais comigo, diziam que estavam vigiando a gente — contou Domitila, contendo as lágrimas após o jogo, no vídeo que traz imagens das arquibancadas (veja abaixo).
Ela conta, ainda, que presenciou agressões e intimidações a torcedores iranianos que tentavam se manifestar após o jogo. Imagens gravadas por um cinegrafista identificado como colega de Domitila mostram homens tentando cercar uma torcedora iraniana e seguranças tentando impedir a gravações das imagens.
— Estou com medo real pela vida dessas mulheres que vieram aqui para protestar — complementou a jornalista.
O Catar orientou que não houvesse protestos de cunho político ou social durante os jogos, recomendação que foi acatada pela Fifa. Ainda assim, bandeiras que representam o movimento LGBT+, criminalizado nos países muçulmanos, têm sido vistas nos estádios e cercanias.
O mesmo vídeo traz duas entrevistas com um homem e uma mulher iranianos que fala sobre os episódios recém vividos na arquibancada e sobre os sentimentos dela acerca a situação do país persa. Veja abaixo: