Na manhã desta sexta-feira (25), o Irã chegou à primeira vitória na Copa do Mundo no Estádio Ahmad Bin Ali, no Catar, em partida contra o País de Gales. Na arquibancada, alguns torcedores aproveitaram o momento de visibilidade para protestar pela morte de Mahsa Amini, a curdo-iraniana de 22 anos que morreu no hospital depois de ser presa pela polícia da moralidade por violar o rígido código de vestimenta do país.
Uma torcedora do Irã com o rosto maquiado com lágrimas de sangue nas cores iranianas segurava uma camisa de futebol com o nome da jovem. Ao lado dela, um homem erguia uma bandeira do país com os dizeres "liberdade para a vida das mulheres" no lugar do símbolo. Na sequência, porém, um guarda impediu que eles seguissem com o protesto, mesmo que silencioso.
Outras torcedoras vestiram camisetas com os dizeres "Irã livre".
Na estreia do país na Copa, na segunda-feira (21), contra a Inglaterra, os torcedores estenderam uma grande bandeira com a mesma frase "liberdade para a vida das mulheres".
Relembre o caso
O Irã foi abalado por protestos desde a morte, em 16 de setembro, de Mahsa Amini. A jovem curdo-iraniana faleceu três dias depois de sua detenção em Teerã, capital do Irã, pela polícia da moral, que a acusou de ter violado o rígido código de vestimenta do país.
Em 7 de outubro, a Organização Forense do Irã informou que "a morte de Mahsa Amini não foi causada por golpes na cabeça, ou nos órgãos vitais", mas está relacionada com "uma cirurgia de tumor cerebral aos oito anos de idade", conforme texto publicado pela televisão estatal.
"Os advogados rejeitaram o relatório", em uma declaração à autoridade judiciária, disse ao jornal Etemad um advogado dos pais, Saleh Nikbakht. Eles pediram "que a causa da morte seja revisada" e solicitaram à Justiça que "escolha cinco especialistas (incluindo um neurocirurgião e um cardiologista) de uma lista de dez médicos selecionados pelos pais de Mahsa Amini", acrescentou.
Em 19 de setembro, o pai da menina, Amjad Amini, garantiu à agência de notícias Fars que sua filha estava "perfeitamente saudável". No final de setembro, Nikbakht informou que a família Amini apresentou uma denúncia contra os policiais que prenderam a jovem.