Peguei uma praia aqui no Catar. Fui conhecer Katara Beach. Antes do país se tornar sede do Mundial, essa era a única praia "pública" de Doha. Agora existem outras. Mas por que as aspas quando me refiro ao fato dela ser pública? Porque para entrar na praia, tem que pagar. Só que as praias consideradas privativas estão dentro de hotéis, diferentemente desta.
O valor de entrada seria para a manutenção da infraestrutura montada à beira-mar. O lugar tem pracinha, banheiro e chuveiro. São R$ 14 para curtir um dia na praia. Se quiser cadeira e guarda-sol, são mais R$ 10 por cada. Quer só sentar na areia com a tua canga? R$ 14. Quer somente dar um mergulho e já sair? É o mesmo valor. Crianças e adolescentes até 18 anos entram de graça.
Areia é branquinha e fofa, o mar bem claro, um azul esverdeado, sabe? A água não é muito gelada e não tem ondas. Bem como eu gosto! Sabe ser bonita essa Doha, hein? Imagino que vocês devam estar pensando que esse foi meu dia de folga da Copa. Que nada! Eu estava trabalhando, mas aproveitei também. E quando fui gravar com brasileiros por lá, a única reclamação foi:
— Uma pena ter que conhecer isso tudo sem beber uma gota de álcool.
É que o brasileiro está acostumado a ter tudo junto, como quando canta Diogo Nogueira: "Pé na areia, caipirinha, água de coco, cervejinha".
Mas aqui, nesta praia, teríamos que fazer pequenas adaptações antes de entoar esse hino da música brasileira.
E 'top less' na areia?
Katara Bech não existia quando Marina Lima lançou a música Uma Noite e Meia, no fim dos anos 1980, em que os versos falavam sobre nudez à beira-mar. A praia catari surgiu em 2010 com um dress code, ou código de roupa, bem estabelecido: nada de ombros ou joelhos de fora.
Aqui, em tese, não pode usar biquíni, sunga ou ficar sem camisa. Mas não precisei circular muito para ver homens e mulheres com roupas de banho como no Brasil, incluindo fio-dental. E tudo certo. Nenhuma confusão, nenhum problema. O efeito Copa do Mundo tem deixado o país árabe mais flexível.
Se essa Doha não virar, olê olê olá
Ainda no embalo do mar e das músicas que vêm dando ritmo para esta coluna, preciso mencionar os lindos barcos que navegam pelo Golfo Pérsico nos finais de tarde por aqui. Enfileirados, um atrás do outro, levam bandeiras das seleções desta Copa, como se fosse uma grande exposição marítima.
Quando olhei aquela cena, fixei meus olhos na embarcação brasileira e cantarolei a seguinte paródia da Marcha do Remador, de Emilinha Borba: "Se essa Doha não virar, olê, olê, olá, eu chego lá".
É o que eu mais quero. Chegar lá no dia 18 de dezembro e ver o Brasil campeão. Conquistando a sexta estrela da nossa camisa.
Ah, vai te Catar
Num desses dias de gravação na praia, veio uma ventania. Acho até que poderia ser uma daquelas tempestades de areia. Imagine você um dia daqueles com toda a galera reunida, farofada na faixa de areia, em pleno no verão gaúcho. Aí, do nada, guarda-sol voando, areia na cerveja, no churrasco, tu mastiga e tem aquele crocante.
Já aconteceu contigo? Comigo já, várias vezes, no nosso Litoral Norte. Aqui, não tinha farofada alguma. Mas tinha vento. E vendaval em praia é assim para quem está no emirado árabe ou no Pinhal, Capão da Canoa, Cassino, Laranjal. É tudo igual!