No seriado "A Última Dança", aquele do Chicago Bulls, há um capítulo dedicado a Scottie Pippen. Michael Jordan, o astro da história, reconhece que sem o parceiro não haveria a dinastia do time na NBA. No Último Tango há um coadjuvante forte e decisivo. Se Messi é Jordan, Di María é Pippen. E apenas do lado bom.
É que os americanos romperam laços. Pippen não gostou da forma como Jordan contou a história na série e ambos vêm trocando farpas desde então.
Messi e Di María não têm nada disso. Os dois se dão bem, estão sempre abraçados e dividem até mesmo as origens. Uma orgulhosa Rosario viu nascer o 10 e o 11 da Argentina.
Di María tem relação ainda maior com a cidade. Ele ficou no município até os 19 anos, quando deixou o Rosario Central para jogar no Benfica. Disputou 39 partidas pela equipe azul e amarela. Toda vez que concede entrevista e fala sobre as origens, recorda de sua mãe, Diana. E de Graziela. Que é o nome dado a uma bicicleta!
— Todos os dias, minha mãe me colocava na bicicleta e me levava aos treinos. Foi um sacrifício. Valorizo muito o que minha mãe fez por mim — declarou, em entrevista à ESPN.
A relação Messi e Di María é um retrato de Rosario. Os dois são talentosos, apareceram bem na cidade, se mandaram jovens para a Europa. E, assim como o folclore diz, dividem a preferência clubística na cidade: Messi é Newell's Old Boys; Di María é Rosario Central.
O camisa 11 é fundamental na história de Messi na Argentina. Nos três títulos que conquistou, Di María decidiu. Na Olimpíada de 2008, fez gol da medalha de ouro contra a Nigéria. Depois, na Copa América de 2021, aproveitou da falha de Renan Lodi para marcar e tirar o país da fila. Na Finalíssima, a partida entre campeão da UEFA e da Conmebol, também balançou as redes.
Claro que Messi é o filho ilustre da terra. Mas Rosario não abandonou Di María. Há placas de apoio pela cidade, inclusive as oficiais, de trânsito. Nas ruas, camisas com o número 11 também são vendidas.
— Ángel é um dos nossos heróis — disse, orgulhoso, o torcedor Sebastian Cabello.
Seu amigo Cristian Brak completou:
Cidade é cheia de desportistas famosos
Rosario é berço de muitos heróis do esporte na Argentina. E nem se vai entrar no mérito de outros cidadãos ilustres como Che Guevara e Fito Páez.
A brincadeira pela cidade neste domingo foi:
"Em Argentina x México, um cara do Newell's escalou outro cara do Newell's, que fez um gol em cima de outro cara do Newell's".
A referência é que Lionel Scaloni, que não é rosarino, mas da vizinha Santa Fe, mandou a campo Messi e venceu Gerardo "Tata" Martino, técnico do México.
Tata Martino, aliás, dá nome a uma das arquibancadas do Estádio Marcelo Bielsa, obviamente do Newell's. Do lado do Central, há César Menotti, o técnico campeão da primeira Copa dos argentinos, em 1978. Gabriel Heinze e César Delgado, medalhistas olímpicos, também são da cidade.
E há ainda Luciana Aymar, a maior jogadora da história do hockey sobre a grama, uma das paixões nacionais.