Os cinco primeiros jogos da Copa do Mundo do Catar somaram mais de uma hora e 20 minutos de acréscimos. A segunda-feira contou com 64 minutos extra de futebol, resultando em uma média de 16 minutos e 14 segundos por partida - mais da metade de uma prorrogação, que tem 30 minutos. Nesta terça (22), Argentina e Arábia Saudita se enfrentaram por quase duas horas — 90 minutos de tempo regulamentar + 5 de acréscimos no primeiro tempo e 14 no segundo, totalizando 19 minutos a mais de jogo.
A explicação começa pela arbitragem da Fifa, com uma fala do chefe do departamento, Pierluigi Collina. Na coletiva de véspera do começo da competição, ele deixou claro que uma das prioridades para os apitadores era diminuir o tempo de jogo perdido nos 90 regulamentares através dos acréscimos maiores. As seleções estariam avisadas desta mudança, inclusive.
— Comemorações podem durar entre um minuto e um minuto e meio. É fácil perder três, quatro ou cinco minutos. Isso precisa ser compensado no fim. Não podemos achar normal que o jogo tenha 42, 45 minutos de bola rolando. Na Copa da Rússia foi normal vocês verem o quarto árbitro levantar a placa indicando 7, 8, 9 minutos de acréscimo. Nós queremos ver a bola em jogo — exemplificou Colina, no sábado (19).
Para o comentarista de arbitragem da Globo, Sandro Meira Ricci, esta é uma prática recorrente por parte da Fifa, que amplia a cobrança neste mundial.
— A Fifa cobra dos árbitros prevenção e atitude. Antes de falar "dê os acréscimos necessários", na minha cabeça funciona da seguinte maneira: "vamos agilizar o jogo, ter atitude para não demorar tanto no reinício, não deixar o pessoal fazer cera" — analisou Ricci, nesta segunda.
Efeitos colaterais
Apesar de uma intenção louvável, a medida também tem efeitos negativos. Ao final da partida entre Estados Unidos e País de Gales (1-1), o árbitro catari Abdulrahman Al-Jassim anunciou nove minutos adicionais. No período de acréscimo, vários jogadores desabaram no gramado e receberam atendimento para cãibras, o que levou o árbitro a prolongar ainda mais o tempo extra.
O segundo tempo durou mais de 55 minutos, sem lesões graves ou uso do VAR. O tempo de acréscimo também altera o placar: o iraniano Mehdi Taremi fez o segundo gol do Irã contra a Inglaterra aos 103 minutos e o holandês Davy Klaassen o segundo da Holanda na vitória sobre Senegal (2-0) aos 99.
— É muito tempo para manter a concentração — afirmou o técnico da Inglaterra, Gareth Southgate.
— Perdemos nossa concentração e quando jogamos em um ritmo mais lento, não somos tão eficientes — complementou.