O gaúcho Alisson Becker, natural de Novo Hamburgo, não é o único goleiro que merece a atenção dos torcedores brasileiros durante a Copa do Mundo. Entre as 32 seleções que se enfrentam no Catar a partir do próximo domingo (20), não faltam arqueiros que se destacam como líderes de seus países, dentro e fora dos gramados.
GZH apresenta abaixo cinco nomes de goleiros para o torcedor ficar de olho durante a competição.
Emiliano Martínez — Argentina
Não foram lances de sorte que colocaram o nome de Emiliano "Dibu" Martínez sob os holofotes. O goleiro da seleção albiceleste ganhou destaque com as defesas realizadas na Copa América, mais especificamente, ao agarrar os pênaltis de Sánchez, Mina e Cardona na semifinal entre Argentina e Colômbia. Assim, Martínez conquistou também o título de mais promissor nome para o gol argentino. E o resultado foi confirmado na convocação final de Lionel Scaloni, que o levará como camisa 23 dos hermanos.
Por anos reserva no Arsenal — que o emprestou mais de uma vez a times menores — e após breves passagens pelo banco da própria seleção Argentina, o goleiro viu sua sorte mudar completamente de 2020 para cá, quando uma lesão de Bernd Leno o colocou entre os titulares em uma temporada em que o clube britânico conquistou a Copa da Inglaterra e Supercopa da Inglaterra.
Sem espaço no Arsenal, apesar do bom desempenho, Emiliano se transferiu para o Aston Villa, em que manteve o rendimento acima da média, que o rendeu uma indicação ao Troféu Yashin de melhor goleiro do ano em 2021 e a posição número um na seleção da Copa América daquele ano.
Suas táticas, que envolvem desestabilizar os oponentes com provocações nas horas dos pênaltis, também deram o que falar, mas pelo menos para seus conterrâneos, nas palavras de Lionel Messi, ele é um verdadeiro fenômeno.
Assim, aos 30 anos, Martínez chega ao Catar com a ambição declarada de ser o melhor goleiro do Mundial. Em entrevista ao D-Sports Radio, em junho deste ano, o jogador argentino contou que estava se dedicando completamente ao desafio: "Eu nem saio para tomar café com os amigos. Estou obcecado com o meu trabalho. Quero estar no meu melhor para chegar à Copa do Mundo".
Guillermo Ochoa — México
Mesmo quem só acompanha futebol de quatro em quatro anos já deve estar familiarizado com Guillerme Ochoa. A participação no Mundial do Catar marcará a quinta vez que o goleiro, facilmente reconhecível graças às suas madeixas rebeldes, defenderá o México em uma Copa do Mundo.
Confinado no banco em 2006 e 2010, ele esteve no gol mexicano no Brasil (2014) e na Rússia (2018), tendo cruzado com a seleção canarinho ambas as vezes. Em 2014, o goleiro garantiu um empate em 0 a 0, na fase de grupos, que contribuiu para a classificação da equipe para a fase seguinte do mundial.
— É a partida da minha vida e fazer isso em uma Copa do Mundo, na frente de toda a torcida, é incrível — disse Ochoa à época, após ser eleito pela Fifa como o melhor jogador da partida, marcada por quatro defesas inacreditáveis aos olhos dos brasileiros.
Ele não teve a mesma sorte em 2018. Apesar de ter salvado sua seleção inúmeras vezes ao longo do confronto contra o Brasil nas oitavas, por duas vezes os brasileiros conseguiram vencer Ochoa e a derrota levou a mais uma eliminação do México nas oitavas de final, pela sétima vez consecutiva.
Quebrar essa "maldição" deverá ser parte da missão do goleiro neste Mundial, que atualmente defende o Club América, do México. Aos 37 anos, ele não será o único veterano na seleção mexicana, que também convocou Alfredo Talavera, de 40, para guardar o gol.
Hugo Lloris — França
Capitão da seleção francesa, Hugo Lloris chega ao mundial envolto em polêmicas, após confirmar que não usará a braçadeira com as cores do arco-íris, como outros capitães europeus, em apoio à comunidade LGBT+ oprimida pelo governo do Catar.
Filho de banqueiro, com uma origem diferente da maioria dos jogadores de futebol, ele um dia sonhou e treinou para ser jogador de tênis, mas ainda na juventude trocou as raquetes pelas luvas de goleiro. Assim, acabou como representante de um outro lado da França, em uma seleção que ficou conhecida por ser composta por filhos de imigrantes africanos e naturalizados.
Nenhuma controvérsia ou disparidade, no entanto, deve ser o suficiente para abalar a confiança dos franceses no jogador do Tottenham que, aos 35 anos, já soma mais de 14 anos defendendo a camisa da França, muitos deles usando justamente a braçadeira de capitão. Foi com ela, inclusive, que o jogador ergueu a taça, em 2018, após a vitória por 4 a 2 em cima da Croácia, em Moscou, tornando-se somente o quarto goleiro na história a liderar uma seleção até o lugar mais alto do pódio.
No Catar, o francês tem grandes chances de repetir o feito, uma vez que chega comandando uma das seleções favoritas ao título.
Édouard Mendy — Senegal
Eleito pela FIFA como melhor goleiro do mundo em janeiro de 2022, Édouard Mendy, 30 anos, é um dos grandes destaques do Senegal nesta Copa do Mundo, ao lado de seu companheiro do Chelsea, Koulibaly, na zaga, e Sadio Mané, do Bayer de Munique, no ataque.
Parte da campanha vitoriosa do time inglês na Champions League, em 2021, Mendy chegou a ficar nove jogos sem levar gols no torneio; e, quando o clube foi consagrado campeão, se tornou o primeiro goleiro africano a conquistar o título europeu na era da Liga dos Campeões.
O destaque lhe rendeu uma recepção de herói quando retornou ao Senegal, um país que o jogador decidiu defender, após nascer no norte da França, de mãe senegalesa e pai descendente de Guiné-Bissau. Sua fama apenas aumentou após a conquista da Copa Africana de Nações, em fevereiro deste ano.
Depois do zero a zero no tempo normal, o Egito esteve perto de vencer a competição nos momentos finais da prorrogação, mas Mendy salvou o Senegal. Sua estrela brilhou novamente na defesa de um dos pênaltis que, junto a uma bola na trave, levaram a vitória senegalesa.
Sem grande tradição na Copa do Mundo, o Senegal chega ao seu terceiro mundial, após chegar às quartas de final em 2002 e ser eliminado na fase de grupos em 2018.
Thibaut Courtois — Bélgica
Algoz do Brasil em 2018, quando a Bélgica eliminou a seleção nas quartas de final por 2 a 1, Thibaut Courtois, 30 anos, desembarca no Catar como o grande goleiro a ser batido. Do alto do seus quase dois metros, defende o gol belga em copas desde 2014, ajudando a seleção a chegar na 3ª posição na Rússia, em sua melhor participação no torneio até hoje.
Ao longo do último ano, o goleiro foi fundamental na conquista da Liga dos Campeões pelo Real Madrid, defendendo um pênalti contra o Paris Saint-Germain nas oitavas de final e sendo eleito o homem do jogo na grande final contra o Liverpool.
Ele ainda foi destaque na Liga Espanhola, conquistada pelo time merengue, tendo ajudado o time a passar 22 jogos da temporada sem sofrer gols, de um total de 52 partidas. O desempenho acabou lhe garantindo o Troféu Yashin de melhor goleiro do mundo, entregue junto à cerimônia da Bola de Ouro, em outubro deste ano, em Paris.
Aos jornalistas no evento, após sua vitória, ele destacou que tem confiança em toda a atual "geração belga" para uma participação memorável na Copa do Mundo:
— Temos uma grande equipe com Kevin (de Bruyne), Eden (Hazard) e Romelu (Lukaku) e podemos fazer algo grande — afirmou.