A peculiaridade de ter uma Copa do Mundo no fim do ano traz uma nova realidade para os treinadores das seleções que estarão no Catar. Não haverá tempo para preparação e realização de amistosos. O que tinha de ser feito já foi feito. A 30 dias da partida de abertura entre Catar e Equador, os principais favoritos vivem situações distintas. Há equipes que defendem longa invencibilidade. Outras chegam ao Mundial em meio a um mau momento, como a França.
A maioria dos treinadores das grandes seleções sente a aflição de saber se poderão ou não contar com alguns de seus principais jogadores. Nas últimas semanas, as lesões entre possíveis convocados se multiplicou.
A seguir, confira como estão as principais concorrentes do Brasil no Catar:
França
Entre novembro de 2020 até junho deste ano, a França ficou 20 jogos sem perder, depois entrou em desgraça. Nas últimas seis partidas, perdeu três vezes — venceu apenas a Áustria. Foram duas derrotas para a Dinamarca e uma para a Croácia.
Além da míngua dos resultados, os Bleus começaram a ver alguns dos principais nomes da equipe correrem o risco de perderem a Copa. O volante Kanté, lesionado, será ausência certa. Pogba é dúvida. O meia passou por uma cirurgia no joelho e tem retorno previsto para os próximos dias. Sem jogar desde abril, ainda não estreou pela Juventus.
Além de correr o risco de perder dois titulares, o técnico Didier Deschamps precisa administrar a situação de Mbappé. Nas datas Fifa de setembro, o atacante do PSG se recusou a participar de uma sessão de fotos com o restante da equipe. O jogador não teria gostado de a federação francesa ter negado uma mudança no acordo para tal sessão.
Holanda
Entre as equipes mais fortes, a Holanda está entre as que passam por um bom momento. São 15 partidas de invencibilidade. A sequência conta com resultados positivos contra adversários como Alemanha, Dinamarca e Bélgica. A última derrota foi na Eurocopa, quando foi eliminada nas oitavas de final pela República Tcheca.
O técnico Louis van Gaal ainda não definiu sua lista de convocados, mas os torcedores tem certeza de que um nome conhecido não será chamado O goleiro Tim Krul, herói nas quartas de final na Copa de 2014, entrou em atrito com o treinador e sua carreira na seleção chegou ao fim. A briga aconteceu após o goleiro se recusar a participar de um treino de cobrança de pênaltis.
Outro jogador que assistirá ao Mundial de casa é o meio-campista Georginio Wijnaldum.O jogador da Roma sofreu uma fratura na tíbia. Seu retorno aos gramados está previsto para janeiro.
Inglaterra
Das principais equipes que estarão no Catar, o English Team é a que atravessa o pior momento. A empolgação que vinha desde o ciclo anterior, com semifinal de Copa do Mundo e final da Euro, ruiu em 2022. Este ano, o time do técnico Gareth Southgate venceu somente duas vezes no ano. São seis partidas sem vitória, incluindo duas derrotas para a Hungria. A consequência foi o rebaixamento na Liga das Nações.
O treinador ainda corre o risco de perder dois jogadores. O lateral-direito Kyle Walker, do Manchester City, sofreu lesão na virilha, passou por cirurgia e dificilmente se recuperará a tempo de ser convocado. Kalvin Phillips, também do City, é outra dúvida. O atacante se recupera de uma lesão no ombro.
Argentina
A Copa do Catar dá à Argentina a chance de alcançar duas marcas históricas. Além de tentar encerrar o jejum de 36 anos sem conquistar o Mundial, a Albiceleste pode bater o recorde de maior invencibilidade entre seleções. Recordista, a Itália ficou 38 jogos sem perder. O time de Messi emplacou uma sequência de 35 partidas.
A sequência italiana pode ser igualada na primeira fase, onde os hermanos enfrentam, na sequência, Arábia Saudita, México e Polônia.
Em alta, o técnico Lionel Scaloni tem apenas uma dor de cabeça. O atacante Paolo Dybala corre contra o tempo para se recuperar de um problema muscular na coxa. A tendência é que o atacante da Roma esteja à disposição do treinador.
Espanha
O primeiro jogo da data Fifa de setembro encerrou uma sequência de oito jogos sem derrota. A invencibilidade foi perdida para a Suíça, adversária do Brasil na primeira fase da Copa. Na sequência, a Fúria venceu Portugal.
A equipe é formada por extremos. Conta com jogadores muito jovens ou muito experientes. Entre os novatos os destaques são Eric Garcia, Pau Torres, Pedri, Gavi e Nico Williams. O grupo de veteranos conta com Carvajal, Busquets, Alba e Koke.
Uma das dúvidas para o técnico Luis Enrique é Dani Olmo. O atleta do RB Leipzig passou por cirurgia nos ligamentos do joelho em setembro e sua presença no Catar virou dúvida.
Alemanha
Os alemães foram outros que tropeçaram nos últimos jogos antes do embarque para o Oriente Médio. O que surpreendeu foi quem superou os tetracampeões mundiais. A série de 15 jogos de invencibilidade foi encerrada pela Hungria. No jogo seguinte, a Alemanha empatou em 3 a 3, em um confronto eletrizante com a Inglaterra.
O elenco ainda é considerado jovem e está em crescimento. Após atuações mais opacas nos últimos jogos sob o comando de Joachim Low, o time voltou a crescer sob a tutela de Hansi Flick.
Um dos principais nomes do futebol alemão nos últimos anos, Marco Reus corre o risco de não ser convocado. O atacante lesionou o tornozelo em setembro e não tem presença garantida.
Bélgica
O que ainda resta da geração belga vai para a sua última Copa. Embora ainda seja uma das principais seleções da atualidade, chega no Catar com um protagonismo menor do que há quatro anos. Em 2022 foram duas derrotas, ambas para a Holanda — uma delas por 4 a 1 —, em oito jogos. Ainda tiveram dois empates, com País de Gales e Irlanda.
O time gira em torno da criatividade de Kevin De Bruyne, eleito o terceiro melhor jogador do ano no prêmio Bola de Ouro, e nos gols e arrancadas do centroavante Lukaku. Hazard, outro expoente do elenco, é uma interrogação por sua forma física e os poucos jogos na temporada pelo Real Madrid.
Portugal
Os portugueses acompanham de longe a turbulenta relação entre Cristiano Ronaldo e Erik ten Hag, seu técnico no Manchester United, e compartilham das mesmas dúvidas. Os lusitanos também debatem se em Portugal o craque também deve ser titular.
O técnico Fernando Santos tem em mãos uma geração talentosa, capaz de repetir campanhas como as do tempo de Eusebio e na época de Figo e Rui Costa. Porém, o rendimento coletivo do time sofre críticas. A temporada conta com derrotas para Espanha e Suíça.
Com lesão no joelho, o veterano zagueiro Pepe, de 39 anos, pode ficar de fora da convocação. Os atacantes Diogo Jota e Pedro Neto são ausências certas.
Croácia
Quando carregam alguma expectativa, os croatas decepcionam. Quando são pouco cotados, surpreendem como em 2018. No Catar, eles chegam com o peso de terem sido vice-campeões há quatro anos.
O ciclo croata pode ser considerado consistente. Na Euro, caíram apenas nos pênaltis para a Espanha. Passaram pelas Eliminatórias sem muitos sustos e avançaram na Liga das Nações em um grupo com França e Dinamarca. O centro do time segue sendo Modric, meia do Real Madrid.
Uruguai
O Uruguai tenta oxigenar uma geração envelhecida. Busca a renovação com nomes como Valverde, Bentancur e Darwin Núñez. Desde a troca de Óscar Tabárez por Diego Alonso no comando técnico, os charruas estão em ascensão. São sete jogos, com seis vitórias e um empate.
A apreensão fica por conta de Ronald Araújo. O zagueiro do Barcelona rompeu o músculo adutor da perna direita em amistoso da Celeste diante do Irã, em setembro. Sua presença na Copa ainda é uma dúvida.