Presidente da Fifa por 17 anos, de 1998 a 2015, Joseph Blatter concedeu entrevista ao jornalista Jamil Chade, do site Uol, e fez uma forte revelação: a final da Copa do Mundo de 2014, disputada no Maracanã, teve uma ameaça de bomba.
— No dia da final da Copa, fiquei nervoso até o apito final. Pela manhã, eu havia recebido uma ameaça de bomba no estádio, que não se confirmou. Eu não poderia dizer nada. Não podia mostrar — disse ele, que condenou a utilização do evento de maneira política por parte do governo brasileiro.
Investigado por corrupção, o suíço renunciou à presidência da entidade máxima do futebol em junho de 2015. Desde então, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos condenou e pediu a prisão de alguns dirigentes, entre eles o então presidente da CBF, José Maria Marin. Sobre estas investigações, Blatter foi incisivo ao alegar sua inocência.
— Podem procurar. Nunca vai aparecer. Nunca. Eu não estou na corrupção. Eu não sabia o que eles estavam fazendo. Eu não era responsável pelo que fizeram. Eu posso ser responsável por não ter visto que havia um grupo dentro da Fifa que queria tomar a presidência. Fui tolo de não ter sentido isso — declarou ele.
Em um de seus últimos atos à frente da Fifa, Blatter reconheceu o Palmeiras como campeão mundial por ter vencido a Taça Rio, em 1951. Porém, a entidade voltou atrás da decisão e passou a considerar apenas os torneios realizados a partir de 1960.
— Acho que foi porque eu reconheci. Devemos reconhecer que o Palmeiras foi o primeiro campeão mundial de clubes e ponto final. Foi o primeiro — comentou.
Aliás, as reformulações do Mundial de Clubes e da Copa do Mundo preocupam o ex-mandatário da Fifa.
— Sobre os clubes, é verdade que, enquanto houve jogos de ida e volta entre os sul-americanos e europeus, a vantagem era da América do Sul. Mas depois que criamos um Mundial de Clubes, praticamente não houve mais um vencedor sul-americano. Nem falar dos clubes da Concacaf. É fácil de entender. Os melhores jogadores da América do Sul estão na Europa. Portanto, para os clubes, é óbvio que não estão no mesmo nível dos europeus. E isso não vai mudar. Vai piorar. Num Mundial com 24 times, eles irão com verdadeiras seleções mundiais — analisou ele.
Questionado sobre o atual momento da Seleção Brasileira, Blatter não poupou críticas a Neymar.
— Ele não é um líder. Ele é um jogador excepcional. Mas não tem o carisma de um líder, como foi Ronaldo — concluiu.