O meteoro francês
Bem, não é todo o dia que um jovem de 19 anos disputa uma final de Copa do Mundo. E, no caso de Kylian Mbappé, o que impressiona é o desassombro. Ao contrário de Neymar, não cai em provocações. Ele é quem provoca, reclama de falta, vez por outra valoriza uma queda. Seus adversários o chamam de cai-cai, mas ele não se abala.
Nascido em Paris, é filho de pai camaronês e mãe argelina. A miscigenação é umas virtudes da seleção francesa desde 1998, quando conquistou o seu único título mundial. O pai, técnico fracassado, é seu empresário. A mãe foi jogadora de handebol.
Sua trajetória é meteórica. Vendido pelo Monaco para o PSG por 180 milhões de euros, estreou na seleção principal há pouco mais de um ano, em março do ano passado, depois de empilhar gols na base. Desde então, acumula recordes.
O gol na vitória sobre o Peru por 1 a 0 fez dele o mais jovem a francês a balançar as redes em uma Copa. No 4 a 3 sobre a Argentina, além de ser escolhido o homem do jogo pela Fifa, tornou-se o segundo mais precoce a marcar dois gols em um partida de Mundial, atrás apenas de Pelé, em 1958.
Entrevistado acerca de lembrarem de Pelé após suas façanhas adolescentes, Mbappé mandou bem e mostrou pé no chão:
— Agradeço a comparação, mas só para deixar claro: Pelé é de outra categoria. É incomparável.
Com Messi e Cristiano Ronaldo já trintões, e Neymar (26) em baixa após não desequilibrar para o Brasil na Rússia, Mbappé surge como forte candidato a desbancá-los na corrida da Bola de Ouro da Fifa, em um futuro próximo.
Volta para o PSG, mesmo se não for campeão, destronando Neymar como craque do time. Se erguer taça e for o craque da Copa aos 19 anos, qual será o limite de Kylian Mbappé, o meteoro francês?
O Cruyff dos Balcãs
Luka Modric, o Cruyff dos Balcãs, nem saiu tão cedo assim de Zagreb para jogar na Europa. Tomou o rumo do Tottenham, na Inglaterra, aos 23 anos. Levando-se em conta talentos que saem de casa antes de serem maiores de idade, até demorou.
Não foi mal na Premier League, mas o seu talento resplandeceu mesmo no Real Madrid, onde está há seis anos. É titular indiscutível no meio-campo no time que conquistou quatro títulos da Liga dos Campeões nas últimas cinco temporadas. Ambidestro, Modric odeia chutão. Tente lembrar algum que saiu de seus pés. A Croácia se molda ao seu redor.
Conforme as estatísticas da Fifa, é uma das seleção que mais troca passes e finaliza desta Copa. Time algum, até hoje, conseguiu marcar o ambidestro Modric, 32 anos. Ele flutua pelo campo todo, confundindo seus marcadores.
Se recua, tem o passe em profundidade. Se aproxima, triangula na linha de fundo com mais dois. Os ingleses entraram na roda assim, vale dizer. Se chega perto da área, finaliza ou faz gol de falta.
O ambidestro camisa 10 do técnico Zlatko Dalic, 32 anos, é o coordenador da orquestra. Em seu país, há quem o critique por problemas com o fisco. Agenciado pelo filho de um ex-dirigente da federação croata, disse que não lembrava do salário quando assinou com o Tottenham, durante uma investigação.
Na seleção, é tratado como celebridade. É assunto até quando não é assunto. O temperamental Mario Mandzukic até tirou onda, com pitadas de irritação, quando perguntaram-lhe pela milésima vez se Modric será o craque da Copa:
— Mas de novo? Vou repetir: o Luka é nosso craque, o camisa 10, o capitão, o nosso fora de série. Pode ser o craque da Copa, mas se vai ser mesmo, como é que eu saber?
Ou seja, na Croácia, Modric é o cara.