O Japão tomou uma decisão ousada e demitiu o polêmico técnico bósnio Vahid Halilhodzic a apenas dois meses do início da Copa do Mundo. Em seu lugar, assumiu o diretor técnico da seleção japonesa, Akira Nishino, que está há três anos afastado das funções de treinador. Desta forma, mesmo em um grupo pouco badalado, o time nipônico chega ao Mundial da Rússia como uma grande incógnita.
— O Nishino era um ótimo técnico dez anos atrás. Transformou o Gamba Osaka de time mediano em um dos maiores do país e ganhou todos os títulos que poderia lá. Ficou uma década no clube, mas depois que saiu de lá não fez mais nenhum bom trabalho — conta o jornalista Thiago Bomtempo, blogueiro do Globoesporte.com e especialista em futebol japonês.
Nishino ganhou notoriedade em 1996, quando era técnico da seleção japonesa olímpica e venceu por 1 a 0 a Seleção Brasileira de Roberto Carlos, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo, na estreia nos Jogos Olímpicos de Atlanta. Foi a única vez na história que o Japão derrotou o Brasil.
— Ele joga um futebol bem ofensivo, ofensivo até demais. Os times dele sempre fizeram muitos gols e sofreram muitos gols. Jogava bonito, mas era criticado por não se preocupar muito com a defesa. Porém, acho que ele não vai ter tempo de implantar a filosofia dele na seleção. Acredito que vai só tentar continuar o que Halilhodzic estava fazendo, de forma mais conservadora — completa Bomtempo.
A principal mudança que deve ocorrer é a volta das principais estrelas do futebol japonês, como os meias Keisuke Honda, do Pachuca e Shinki Kagawa, do Borussia Dortmund, e o atacante Shinji Okazaki, do Leicerster City. Apesar de badalados, os três eram deixados no banco ou às vezes sequer eram convocados por Halilhodzic.
Aliás, deixar os craques de fora foi um dos fatores que acarretou a demissão do bósnio, além dos maus resultados – o Japão empatou com Mali por 1 a 1 e perdeu para a Ucrânia por 2 a 1 nos amistosos de março.
O fato é que a seleção japonesa chega à Copa instável, em crise técnica e como uma grande incógnita. A equipe oriental está no Grupo H, ao lado de Colômbia, Polônia e Senegal.