Andrés Sanchez continua dizendo que o Corinthians vai se responsabilizar pelo pagamento das estruturas temporárias do Itaquerão, mas não explica como e, assim, as obras não começam.
O tempo está passando, os parceiros que poderiam ajudar a arcar com os custos não aparecem e a Fifa, apesar de cada vez mais apreensiva, não confirma que vá assumir a conta. Mas, se vier a fazer isso, não deverá ficar no prejuízo. Pelo menos se o contrato assinado pelo clube paulista para receber a Copa for respeitado.
Um aditivo do Stadium Agreement, o contrato assinado entre o Corinthians e a Fifa para oficializar o uso do Itaquerão na Copa, estabelece que a entidade poderá bancar o custo das estruturas temporárias e ser reembolsada depois. Essa possibilidade está no item 31, cláusula 9.20, do aditivo assinado em março de 2011. A reportagem consultou o documento assinado por Fifa, Corinthians e Comitê Organizador Local (COL) para a inclusão do estádio paulistano na Copa, na versão traduzida para o português por um tradutor público.
A cláusula é bastante clara para o caso de a Autoridade de Estádio (no caso, o Corinthians) "deixar de cumprir certas obrigações" do contrato, total ou parcialmente. Estabelece que "Fifa e/ou COL podem cumprir tais obrigações por si ou mandar realizar por terceiros". Se isso ocorrer, diz o documento, a "Autoridade de Estádio reembolsará a Fifa e/ou COL na íntegra por tal desempenho substituto".
As estruturas temporárias são compostas por um aparato de equipamentos e serviços que a Fifa considera necessários para realizar um jogo de Copa do Mundo - são instaladas no entorno dos estádios. Entre elas estão acomodações para a mídia e voluntários, mobiliário para os setores VIP e a infraestrutura de tecnologia de informação e telecomunicações.
No caso do Itaquerão, que vai receber a abertura da competição, entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho, as exigências, em quantidade e qualidade de material e instalações, são maiores do que na maioria das arenas. Por isso, os custos podem chegar a R$ 60 milhões, segundo Andrés Sanchez.
Oficialmente, a Fifa nega que estude a possibilidade de pagar pelas estruturas temporárias do Itaquerão. Nesta sexta-feira, a entidade se manifestou por meio do COL.
"Foram (feitas) várias reuniões para discutir as entregas para a Copa do Mundo da Fifa, mas não houve qualquer conversa no sentido de a Fifa assumir qualquer financiamento para qualquer sede", respondeu a entidade.
Foi durante a última visita ao Brasil do secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que passou quatro dias no final do mês passado em reuniões no Rio com integrantes do COL, que surgiram os primeiros comentários sobre a possibilidade de a Fifa bancar as estruturas temporárias do Itaquerão.
Essa possibilidade já teria sido discutida na sede da Fifa em Zurique, mas há resistência, por dois motivos: os dirigentes entendem que, se o Corinthians concordou em pagar, tem de honrar o compromisso e para não demonstrar preferência por uma sede em detrimento das outras.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, voltou a criticar o atraso nas obras do Itaquerão para o Mundial. Blatter, que está na Costa Rica, onde será disputado o Mundial Feminino sub-17, e comentou o acidente ocorrido no sábado passado, quando um operário morreu após cair de uma altura de cerca de oito metros.
- No Brasil, temos um problema com o estádio de São Paulo. Teve um acidente com uma pessoa que faleceu, mas quando se trabalha em uma construção de dois ou mais metros é preciso ter a responsabilidade de dar segurança aos trabalhadores, e eles não fizeram isso - disparou Blatter.
Pressão
Fifa pode bancar estruturas temporárias do Itaquerão, mas terá ressarcimento
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