Entre os confrontos de quartas de final da Copa do Brasil com o Bahia, o Grêmio terá um duelo chave na disputa pela ponta do Campeonato Brasileiro. Neste domingo, às 18h30min, o Tricolor receberá o líder Botafogo. Com 33 pontos, fruto 11 vitórias, o Alvinegro tem o melhor desempenho após 13 rodadas de Brasileirão desde o Corinthians, em 2017.
Curiosamente, a campanha no Brasileirão acontece depois de um início de temporada decepcionante. O Botafogo sequer conseguiu classificar para as semifinais do Campeonato Carioca. Fora da disputa do título estadual, o Alvinegro teve de passar pelo constrangimento de disputar a Taça Rio, torneio para as equipes que ficaram do quinto ao oitavo lugar na primeira fase do Carioca. O clube precisou levar a sério a Taça Rio, que conquistou para garantir vaga na Copa do Brasil de 2024 sem depender da campanha no Brasileirão.
Para o Campeonato Brasileiro, a chegada de Matías Segovia, destaque do Guaraní-PAR e da seleção sub-20 do Paraguai, foi o grande reforço do elenco. Além disso, Júnior Santos retornou ao Nilton Santos após empréstimo ao Fortaleza. Outro ponto importante para o crescimento da equipe foi a recuperação do meia-atacante Eduardo.
Setorista do Alvinegro para o ge.globo, Giba Perez aponta a mudança de planejamento feita na pré-temporada do Botafogo como um fator que atrapalhou a campanha no Carioca.
— O planejamento inicial do Botafogo era fazer a pré-temporada nos EUA durante o Carioca e o time principal voltar ao Brasil apenas para o Brasileirão. A diretoria teve de mudar isso pela questão da Copa do Brasil e iniciou o Carioca após apenas 10 dias de treinos. Esse foi um fator, outro foi que o Nilton Santos estava tendo a troca do gramado e precisou jogar fora do estádio — relembra Perez, que ressalta também questões táticas para a melhora do Alvinegro.
— O Luís Castro gosta de jogar com dois pontas e tinha perdido Jefinho e Júnior Santos, que foi para o Fortaleza. Isso fez o time sentir. Além disso, o Eduardo, que é um dos principais jogadores da equipe, estava machucado e só voltou depois do Carioca. O acerto nas pontas com a volta do Júnior Santos, o Segovia entrando, Luiz Henrique e Victor Sá melhorando foi importante. Voltar a jogar em casa com um gramado sintético, que os adversários sentem a diferença, também. Esses fatores foram preponderantes para o Botafogo ter melhorado para o Brasileirão — completa.
A questão dos pontas velozes é determinante para o funcionamento do Botafogo, que tem no centroavante Tiquinho Soares seu grande nome. Líder do Brasileirão com 84% de aproveitamento, o Alvinegro está longe dos maiores índices de posse de bola. Com média de 44,7% de posse, o clube carioca é o quarto que menos tem a bola na competição – superando apenas Santos, Coritiba e América-MG.
Isso não acontece por acaso. O jogo proposto por Luís Castro, que comandou a equipe em 12 das 13 rodadas antes da saída para comandar o Al Nassr, era baseado em ataques rápidos. O Botafogo tem na pressão sobre o adversário a ideia base para iniciar suas jogadas. Isso é feito ocupando o campo ofensivo com muita gente. A ideia é roubar a bola e aproveitar para atacar com passes rápidos e bolas em profundidade enquanto o adversário ainda busca se reorganizar para defender. Por conta disso, será fundamental que o Grêmio trabalhe bem a sua transição defensiva no domingo.
Tendo pouco a bola, o Botafogo tem o quarto melhor ataque do Brasileirão, com 22 gols marcados, atrás apenas de Flamengo (26), Palmeiras (24) e Grêmio (24). Com 10 gols, Tiquinho Soares é o artilheiro da competição, mas sua importância na equipe vai além das bolas na redes. Sua característica de recuar atraindo os zagueiros costuma ser importante para gerar espaços para os homens velozes do setor ofensivo atacarem.
Com bom funcionamento ofensivo, o Botafogo tem também uma defesa sólida. O time sofreu apenas sete gols, tendo a defesa menos vazada do Campeonato Brasileiro.
Bom desempenho contra adversários do G-6
Com 11 vitórias em 13 jogos, o Botafogo ainda não empatou no Brasileirão. A equipe perdeu duas partidas, para Goiás, atual 17º colocado, e Athletico-PR, nono. Quando enfrentou equipes do G-6 fez 100% de aproveitamento, vencendo os clássicos com Flamengo e Fluminense e batendo o atual campeão Palmeiras, na capital paulista. Além do Grêmio, segundo, ainda falta aos cariocas enfrentar o Bragantino, quinto, do grupo dos seis primeiros.
Para o confronto deste sábado, o ex-zagueiro Cláudio Caçapa, que comanda a equipe interinamente até o anúncio do substituto de Luís Castro, deverá fazer apenas uma mudança na escalação em relação à vitória sobre o Vasco na última rodada. Lesionado, Rafael dará lugar ao argentino Di Plácido na lateral direita.
O provável Botafogo para domingo:
Botafogo no Brasileirão
- 13 jogos
- 11 vitórias
- 0 empate
- 2 derrotas
- 22 gols marcados (4º melhor ataque)
- 7 gols sofridos (melhor defesa)
- 84% de aproveitamento
- artilheiro: Tiquinho Soares, 10 gols