Na rodada de abertura do Brasileirão, Goiânia já chamou atenção ao ter o jogo entre Goiás e São Paulo adiado por conta de 10 jogadores positivados para covid-19 no elenco esmeraldino. Agora, pela segunda rodada, é a vez de o rival Atlético-GO ser o centro das atenções. Depois de ter quatro atletas diagnosticados com coronavírus, o clube conseguiu reverter a decisão inicial da CBF, deixando-os à disposição do técnico Vágner Mancini para o duelo com o Flamengo, agendado para as 20h desta quarta-feira (12).
Ainda no domingo, o elenco foi submetido a exames, com a previsão de que os resultados seriam divulgados na terça pela manhã. Porém, como não havia sido notificado do contrário, e respeitando seu próprio controle sanitário, o departamento médico liberou os atletas para participarem das atividades com o restante do grupo. À noite, contudo, a CBF fez o comunicado sobre os testes e, horas depois, deu aval para que eles pudessem ser mandados a campo.
— A última atualização do protocolo deixou bem claro para a gente que, uma vez o jogador tendo respeitado os 10 dias de isolamento, comprovado isso através de exames, ele poderia retornar às práticas do esporte, porque não tinha mais potencial de contaminação. Então, a gente não entrou com um recurso, com uma manobra junto à CBF. Esta é apenas uma interpretação do protocolo. Temos toda a documentação, com prontuário médico dos jogadores. Inclusive, quando recebi oficialmente os resultados dos exames, eu mandei a solicitação à CBF e em 10 minutos recebi a resposta de que os quatro jogadores estariam liberados para jogar — explicou o médico do clube, Gleyder Sousa, em contato com a reportagem de GaúchaZH.
Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, o secretário-geral de competições da CBF, Walter Feldman, endossou o argumento apresentado pelo Atlético-GO.
— Poucas estruturas no Brasil têm o acompanhamento dos clubes de futebol e uma estrutura de excelência. Então, aquilo que a CBF oferece e exige no seu protocolo é que aqueles que tiverem o (exame) PCR positivo, depois de 10 dias de infecção, e tiverem o PCR positivo, quer dizer que já teve a doença e têm anticorpos. Em ambiente aberto, a avaliação de todos os médicos do futebol e infectologistas é que o jogador seja retirado se for PCR positivo novo ou, se for PCR antigo, possa jogar com segurança — declarou.
O que dizem os especialistas?
Para avaliar a decisão da entidade que regula o futebol brasileiro, GaúchaZH ouviu infectologistas, que analisaram o caso.
— Considero aceitável o isolamento de 10 dias, a partir do início dos sintomas, desde que o paciente retorne assintomático. É aceitável e está em protocolos nacionais e internacionais, como CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) e Anvisa, por exemplo. Claro, para dizer com 100% de certeza, eu teria de ver os exames e examinar os atletas. Mas me parece que eles cumpriram, de fato, o tempo de isolamento de 10 dias. Se permaneceram assintomáticos durante o período final, podem, sim, retornar às atividades sem problemas — considera Diego Rodrigo Costa, médico do Hospital Beneficente São Carlos, de Farroupilha.
Avaliação semelhante é feita pelo consultor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Carlos Starling.
— Eu não estou a par deste caso. Nós não discutimos isso no nosso comitê (da SBI). Essas situações específicas são uma decisão do Jorge Pagura (coordenador médico da CBF) — pondera ele, para em seguida referendar o argumento apresentado pelo clube goiano. — Se já tem mais de 10 dias que os jogadores fizeram o teste, não têm necessidade de continuar em isolamento. É a regra dos 10 dias, que nós chamamos. A pessoa faz os exames e, passados mais de 10 dias, ela já não transmite mais o vírus — completa.