Em julgamento realizado nesta terça-feira (18), em Salvador, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) decidiu manter a vitória do Palmeiras por 1 a 0 sobre o Botafogo. O pedido do clube carioca de anulação da partida, válida pela sexta rodada do Brasileirão, alegando revisão do árbitro de vídeo (VAR) após o reinício do jogo, foi recusado por unanimidade — nove votos a zero. Cabe recurso para o caso ser analisado pelo pleno do Tribunal.
— O erro, mesmo se for de direito, na visão da procuradoria não tem relevância para anular a partida, sob pena de criar um precedente perigoso. Extraímos como conclusão a falta de relevância para a anulação — disse Leonardo Andreotti, subprocurador geral do STJD, que ainda repreendeu o árbitro Paulo Roberto Alves Junior por ter dito à equipe do VAR que Deyverson "se joga, você conhece", antes de a revisão apontar pênalti no atacante do Palmeiras.
A decisão do STJD faz o Palmeiras voltar a ter 25 pontos, disparando ainda mais na liderança do campeonato, com cinco pontos de vantagem para o Santos, segundo colocado. O Botafogo, por sua vez, está em sétimo lugar, com 15 pontos.
O lance que causou polêmica ocorreu aos 12 minutos do segundo tempo. Na área do time carioca, o atacante palmeirense foi pisado pelo zagueiro Gabriel e caiu. Inicialmente, o árbitro deu cartão amarelo ao palmeirense por simulação. Mas, ao ser alertado pelo VAR, retirou o cartão, mostrou amarelo para Gabriel e marcou o pênalti, convertido pelo zagueiro paraguaio Gustavo Gómez. Foi o único gol da partida.
O Botafogo, no entanto, alega que, após o amarelo para Deyverson, a partida chegou a ser reiniciada. Gatito repôs a bola em jogo ao dar um passe para Gabriel, que devolveu ao goleiro antes que o juiz paralisasse o confronto para receber o aviso do VAR. O Palmeiras argumenta que o árbitro não chegou a apitar autorizando o reinício da partida.
Toda a conversa entre o árbitro e os assistentes de vídeo foi exibida no julgamento desta terça. De acordo com a imagem, o árbitro de vídeo Adriano Milczvski está revisando o lance quando vê Gatito rolar a bola para Gabriel e pede para Paulo Roberto Alves Júnior não reiniciar a partida, e o árbitro de campo passa a gritar: "Aguarda, aguarda, aguarda!", aparentemente em direção aos jogadores.
— OK, mas avisa antes — diz o árbitro à equipe do VAR.
Na sequência, o árbitro Paulo Roberto Alves Júnior foi ouvido na sessão na condição de informante. Questionado por membros do Tribunal e por advogados dos clubes, ressaltou que, apesar de os braços abertos pouco antes de Gatito tocar a bola, não autorizou o reinício da partida.
— Eu não estava com o apito na boca na hora da jogada. Em toda situação de cartão, é obrigatório o uso do apito para recomeçar o jogo. Se não uso, é infração perante à regra. O Botafogo cobra rápido, mas eu não tinha autorizado e, então, já paro. Como não havia apitado, e o VAR disse que estava checando, eu estava dentro das regras. Eu não tinha apitado. Ninguém ouve o barulho do meu apito — comentou ele.
Adriano Milczvski, árbitro principal do VAR no jogo, participou do julgamento por videoconferência. Reafirmou que não viu o reinício da partida, já que não ouviu nenhum apito, e que só informou ao árbitro Paulo Roberto Alves Júnior sobre a revisão quando enxergou o pisão recebido por Deyverson.
— Quando ocorre um lance de cartão ou disputa de bola mais aguda, para vermelho, fazemos uma checagem silenciosa. No caso, fizemos a checagem silenciosa pelo cartão por simulação e fomos entender a situação, se houve contato ou não. Só vimos o pênalti após três ou quatro imagens, porque estávamos vendo antes o motivo do amarelo. Por isso, a checagem era silenciosa — argumentou.
Não acolheram o pedido de impugnação o gaúcho Décio Neuhaus, relator do processo, Paulo César Salomão Filho, presidente do STJD, o vice-presidente Otávio Noronha, o vice-presidente administrativo Ronaldo Piacente e os auditores Antônio Vanderler, Arlete Mesquita, José Bosco Luz, José Perdiz e Mauro Marcelo de Lima e Silva.