Mais dia, menos dia, a questão ressurgirá: o Campeonato Brasileiro deve continuar com o formato de pontos corridos ou o "saudoso" mata-mata tem de voltar?
No início deste ano, alguns dirigentes, entre eles Romildo Bolzan Jr., presidente do Grêmio, lideraram um movimento pelo retorno da velha fórmula, sem êxito. Há argumentos razoáveis tanto do lado de quem defende o atual sistema quanto do de quem prega a volta do antigo. Os adeptos dos pontos corridos consideram esse formato mais justo, em que o melhor vence. Já os simpatizantes do mata-mata afirmam que o sistema eliminatório confere maior emoção à disputa e atrai mais o público.
Em todo caso, o debate é inútil, na medida em que a fórmula implantada em 2003 se mantém inabalável desde então, a despeito das resistências. Portanto, não vai mudar. E, como torcedor, não lamento. A meu ver, o retorno do mata-mata seria um retrocesso, até porque competições desse formato já existem à farta.
Dizer que os pontos corridos não têm emoção é extremamente injusto. Ora, o Brasileirão deste ano não foi empolgante, com times brigando nos dois extremos da tabela até a última rodada? Do mesmo modo, creditar os baixos públicos ao formato é um equívoco. O alto preço dos ingressos não seria um motivo mais plausível?
Além do mais, o sistema atual impede que ocorram injustiças como a de 1977, até hoje entalada na garganta dos atleticanos. Naquele ano, o Galo perdeu o título para o São Paulo nos pênaltis depois de chegar à decisão sem nenhuma derrota e com 10 pontos de vantagem sobre o rival, comandado à época pelo bicampeão Minelli.
Com certeza, alguém objetará: "São coisas do futebol. É justamente por isso que esse esporte é apaixonante". Respeito quem pensa dessa maneira, mas prefiro a justiça. Se em 1977 o campeonato fosse de pontos corridos, o campeão de fato e de direito seria o Atlético Mineiro, o melhor time, como em 2015 foi o Corinthians.
Em vez de bater em ferro frio, tentando mudar o imutável, os nossos dirigentes deveriam se preocupar, por exemplo, com a iminente "espanholização" do futebol brasileiro. A partir de 2016, a divisão das cotas de TV será ainda mais desigual. Flamengo e Corinthians ganharão muito mais do que os outros. Isso, sim, precisa ser modificado, sob pena de o nosso futebol vir a se resumir a dois clubes.