Acreditem: conheço colorados, não muitos, que secaram o Inter, ontem. Por dois alegados motivos: para que Argel, derrotado, fosse substituído e para que a direção, preocupada, contratasse melhores jogadores para 2016. Tudo isto na contramão do que sempre afirmou meu talentoso amigo Ibsen Pinheiro: "vitória em Gre-Nal arruma a casa".
O Inter ganhou. E merecidamente.
Antes do gol do Vitinho, no cruzamento de Rodrigo Dourado (falha de Erazo, molóide), os colorados já haviam perdido dois quase-gols: um cabeceio de Anderson, com o gol aberto, primeiro tempo, e outra cabeçada, então do Ernando, em bola erguida pelo Vitinho, também da direita. E houve mais: uma bomba do Lisandro López, grande defesa do Marcelo Grohe. E Anderson também perdeu, concluiu fraco uma tabela com Vitinho. Sempre Vitinho. E o Grêmio? Finalizações de Pedro Rocha, Bobô e duas do Giuliano para defesas de Alisson.
Tudo isto, ou quase tudo, no segundo tempo. O primeiro foi muito enroscado. De doer. Só marcação. Nem era um respeitando o outro. Era, sim, um com medo do outro. Uma chatice. Jogo, mesmo, só no segundo tempo.
E agora, Ibsen? Será que arrumou a casa? Até hoje reclamam do Fernando Carvalho porque renovou contrato com Celso Roth depois da eliminação pelo Mazembe. Como o Vitorio Piffero não vai manter o Argel, ainda mais se, além da vitória no Gre-Nal, ele ainda viabilizou vaga na Libertadores, o que agora se tornou possível ou, até, provável. Pois é – dirão os mais intransigentes – e o 5 a 0 ? Acontece. Alguns passionais queriam a vingança da goleada, mas não é assim.
Outra coisa: o Argel não é apenas o treinador do "vamos lá". Engano. Argel motiva, sim, masca chiclete durante o jogo, sim, porém conhece futebol. Percebe-se em campo e nas suas entrevistas. É preciso, entretanto, admitir que o potencial do Roger é superior. Vamos combinar: são dois futurosos garotos de 41 anos. O Grêmio identificou isto e renovou com o Roger por duas temporadas. A política realista do Romildinho pode ser imitada. Não com dois anos para o Argel. A permanência, sim. Mas com reforços, claro. A propósito: para falar só em dois grandes desfalques, Argel ganhou o Gre-Nal sem Valdívia e Sasha.
O torcedor é o torcedor. Eu sou eu. Como velho jornalista e jornalista velho, penso sempre no interesse do Estado como um todo. E não há dúvida: o 1 a 0 de ontem deixa Grêmio e Inter, uma vitória em Gre-Nal para cada um, no páreo. Que bom.
*ZHESPORTES