Aos 50 anos, 21 deles como técnico, Adenor Leonardo Bachi, conquistou o título mais importante da sua carreira. Após levantar as taças de três Gauchões (Caxias, Grêmio e Internacional) e de uma Sul-Americana (Inter), Tite levou o Corinthians ao seu quinto Brasileiro, considerado por muitos o mais difícil campeonato nacional do mundo. E a conquista veio com merecimento. Pelo menos nos números. Em 38 rodadas, o Timão do técnico gaúcho liderou 27 delas e ainda teve o maior número de vitórias (21). Horas antes de viajar para os EUA, para visitar um dos filhos, o treinador conversou, por telefone, com o Diário Gaúcho.
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Diário Gaúcho - Como é ganhar como técnico um título que bateu na trave duas vezes na época de jogador?
Tite - Foi paga uma dívida pessoal. Bati na trave duas vezes, com o Guarani, em 1986 e 1987, como atleta. Mas também bati na trave como treinador. Ganhei o primeiro turno do Brasileiro de 2009, com o Internacional. Fiquei na terceira colocação com o Grêmio, em 2002, em quarto com o São Caetano, em 2004. Uma hora tinha que acabar entrando.
DG - Qual o melhor e o pior momento na trajetória do Corinthians neste Brasileirão?
Tite - O melhor foi uma sequência de dez jogos com oito vitórias no começo do campeonato. A equipe veio ajustada do Paulista, montadinha. Equilibrada. Isso no Brasileiro é muito difícil de acontecer. O pior momento foi antes do Brasileiro, na pré-Libertadores. Quando fizemos dois jogos com apenas 19 dias de preparação. Perdemos jogadores e não tivemos como remontar o time.
DG - Em algum momento o chegaste a pensar que não seria campeão brasileiro?
Tite - Vi sempre o trabalho com muita consistência. Tivemos equilíbrio. De 38 rodadas, liderar em 27 rodadas, é bom, né? Acho que nenhuma equipe ficou tanto tempo assim. O trabalho sempre foi pensando no título, sempre com a perspectiva de levantar a taça.
DG - Num time sem estrelas, costuma-se dizer que a estrela é o técnico. Concorda? Por quê?
Tite - O futebol tem isso. Mas hoje pode ser eu. Outra hora, outro. Nós fizemos uma equipe competitiva, forte. Individualmente, sempre tem alguém que vai aparecer mais. Em algum momento foi Liedson, em outro Alex, Danilo, Júlio César. O futebol coletivo tem isso. Dos times do Brasileirão, só o Santos, com Neymar, podemos dizer que tem estrelas.
DG - Ainda está indefinida a tua situação no Corinthians?
Tite - Conversei na quarta-feira com o Andres (Sanches, presidente do Timão) e com os diretores. Deve ter uma eleição agora. Mas a conversa foi no sentido de, se eles entenderem de dar continuidade, existe a vontade de ficar. É só questão de ajustes. O Gilmar Veloz (procurador do técnico) está conversando com a direção.
DG - Brasileiro o Corinthians já ganhou cinco, mas Libertadores é uma espinha na garganta do clube e da torcida. Por que é possível ser campeão? Vai ser mais difícil?
Tite - Toda Libertadores é difícil. Todos os times brasileiros iniciam como candidatos. É inquestionável, todos têm muita qualidade. Mas tem que ser uma ambição, não uma obrigação. Essa ambição é do Corinthians. É minha. Cheguei numa semifinal com o Grêmio. Joguei duas vezes como jogador (com o Guarani, em 1987 e 1988), outras tantas como treinador (Grêmio, 2002 e 2003, São Caetano, 2004, e Corinthians, ano passado).
Diário Gaúcho - Claro que a Seleção Brasileira tem técnico, mas o senhor já se considera pronto pra isso?
Tite - Me considero pronto para fazer um grande trabalho no Corinthians e para conquistar a primeira Libertadores. Do Corinthians e minha.
Tite como jogador
- Tite atuou de 1978 a 1984 no Caxias. Depois, jogou no Esportivo (1984 e 1985), Portuguesa (1985 e 1986) e Guarani (de 1986 a 1989).
- Foi vice campeão brasileiro com o Bugre em 1986 e 1987.
E como técnico
- Seu primeiro time foi o Guarany de Garibaldi, em 1990.
- Quatro anos depois, veio seu primeiro título. Em 1993, conquistou a Segundona gaúcha com o Veranópolis.
- Em 2000, Tite venceu o Gauchão com o Caxias.
- No ano seguinte, conquistou o Gauchão e a Copa do Brasil com o Grêmio.
- Em 2008, venceu a Sul-Americana com o Inter. Mesmo time com o qual conquistou o Campeonato Gaúcho de 2009.
- Em 2011, conquistou o título do Brasileirão com o Corinthians.