A vida de Matheus Leist mudou no dia 26 de maio. Antes apenas uma das promessas brasileiras no automobilismo americano, o gaúcho de 18 anos se tornou realidade e ficou em evidência máxima na Indy Lights, categoria de acesso à Fórmula-Indy. Leist faturou a vitória nas 100 Milhas de Indianápolis, prova mais importante da série, disputada no mesmo circuito e no mesmo final de semana das tradicionais 500 Milhas.
O feito do piloto nascido em Novo Hamburgo foi ainda mais marcante por ser a sua primeira corrida em um oval – justamente na pista mais emblemática do esporte à motor. E o prêmio veio antes mesmo que Leist pudesse esperar: um teste com um carro da Andretti, equipe mais forte da Indy, no circuito de Elkhart Lake. Foi a primeira experiência do piloto em um bólido da categoria. Algo que, ele espera, se repita nos próximos anos.
– Guiar um carro de Indy foi demais. Foi o carro mais rápido que pilotei, e não tem nem o que falar. As coisas aconteceram muito rápido ultimamente. Vim para os Estados Unidos com a intenção de, realmente, me tornar um piloto profissional e chegar mais rápido a uma categoria top, como a Fórmula-1 ou a Indy. E as coisas estão dando certo. Venci a prova mais importante do campeonato, me convidaram para testar com a Andretti e foi muito bacana, uma experiência muito boa. Deu para aprender bastante – disse Leist, por telefone, desde Wisconsin, onde se prepara para a quinta rodada dupla da Indy Lights, neste final de semana, no mesmo autódromo em que fez o teste.
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Apesar da grande vitória em Indianápolis, da chance de treinar com um carro da Indy e do reconhecimento como um dos nomes de futuro da Lights, Matheus não se deslumbra com o sucesso. O gaúcho manteve o tom calmo e sereno ao falar sobre o triunfo e o que significou a vitória em Indy, na prova mais marcante do calendário.
– Minha adaptação foi bem rápida. Fizemos um treino no início do ano no oval de Homestead e já tinha ficado em segundo. Minha segunda experiência em oval foi justamente no primeiro treino em Indianápolis, e logo na segunda sessão já fiquei em primeiro. Consegui fazer a pole, bati o recorde da pista e, na sexta, liderei a corrida de ponta a ponta, algo que nunca tinha me acontecido, conforme me falaram. Isso mostra que a gente estava muito rápido. Depois da vitória, tive muitas coisas para fazer, participei de muitas entrevistas, programas de rádio, uma janta de cerimônia com todos os pilotos da Indy, da passeata. Foi tudo bem legal – comemorou.
Atualmente sexto colocado no campeonato de pilotos da Lights, com 121 pontos, a 30 do líder Kyle Kaiser – diferença que corresponde a uma vitória –, Leist sabe que vive dias acelerados dentro e fora das pistas. A ascensão meteórica desde sua chegada aos Estados Unidos, após uma carreira vitoriosa na Europa, marcada pelo título da F-3 Inglesa, ainda é processada pelo gaúcho. Os próximos passos, agora, são para manter seu nome entre os principais cotados da categoria para, quem sabe, no ano que vem ter a chance de estrear na Indy.
– A gente vem trabalhando forte e as coisas vem aparecendo. Sempre fui um cara determinado, sempre soube o que quis. Teve uma mudança muito grande: saí da Europa e vim para cá, conheci gente nova, vivi num lugar diferente, não conhecia nenhuma pista. Foi bem complicado. Mas, sei lá, as coisas estão dando certo (risos). Tenho que ser realista, tem um caminho longo pela frente, mas estou na batalha e, se Deus quiser, em um futuro próximo vou estar na Indy. Se não for no ano que vem, tenho certeza de que vou ter uma chance em 2019. Mas vou batalhar forte para estar já no ano que vem.