Alguns oceanos de distância separam um carro de competição, como os Stock Car que desfilarão pelo Autódromo de Tarumã neste domingo, a partir das 13h10min, e os veículos comuns que circulam pelas cidades.
Os componentes estão lá nas duas máquinas, mas há diferenças em cada detalhe que fazem com que os pilotos "voem" a mais de 200km/h nas grandes retas dos autódromos. Veja fatores que fazem com que os carros de corrida sejam tão diferentes dos de passeio.
Motor
Com mais de 500 cavalos de potência, comparados com os cerca de 150 que um carro sedã tem, um Stock Car chega aos 250km/h nas retas mais longas do circuito brasileiro. Em Tarumã, os carros costumam alcançar os 220km/h.
- Só não chega a uma velocidade maior porque não temos retas tão longas em nossos circuitos - lembra Carlos Alves, chefe de equipe da Schin Racing Team.
Alves, que foi piloto da Stock por 25 anos, lembra que os motores são construídos a partir de peças escolhidas a dedo em lojas especializadas nos Estados Unidos. O trabalho do motor é facilitado pela estrutura leve, com o chassis tubular e uma carenagem de fibra de vidro, que é "encaixada" no carro após os mecânicos realizarem os eventuais reparos de que precisa.
Pneus
Desgaste é a palavra que resume a diferença principal dos pneus usados nas corridas em relação ao que vemos no dia a dia. Em média, a vida útil do utilizado na Stock varia entre 90 e 110 quilômetros. Os de carros de passeio costumam durar até 50 mil quilômetros.
A pressão entre 26 e 31 libras é parecida com a usada nos veículos comuns, mas há uma preocupação maior em manter a calibragem correta. Os pneus são verificados e devidamente calibrados a cada vez que o piloto retorna aos boxes.
Fabricados na Turquia, os pneus slick da Stock Car tem a superfície toda lisa, ao contrário dos de carro de passeio que tem ranhuras para escorrer a água.
Volante
Luzes, botões e displays ocupam todos os cantos do pequeno volante de um Stock Car. É muito mais do que o "leme" que orienta a direção do carro. O piloto tem ali uma espécie de centro de informações, que reúne dados sobre o que está acontecendo com o carro, desde a temperatura da água até a cronometragem da volta em que está.
- O volante de um Stock é menor do que de um carro normal. Tem de ser assim para facilitar as reações rápidas dos pilotos em situação de corrida - diz Alves.
Apesar de mais tecnológica do que a direção de um carro de passeio, a do Stock Car não prima pelo conforto.
- Tem um sistema hidráulico, mas é mais duro. Fica mais ainda em curvas onde a pressão aerodinâmica aumenta - explica Rafa Mattos, piloto da Schin Racing Team.
Câmbio
Nada de tirar a mão do volante para trocar a marcha: o câmbio de seis marchas da Stock é acionado através de "borboletas" que ficam atrás da direção. De fabricação inglesa, o sistema, que custou quase R$ 330 mil, exige revisões a cada 900 quilômetros rodados. É resistente: desde a compra, há três anos, a equipe Schin ainda não teve de trocá-lo.
Quem costuma usar o ponteiro do conta-giros como referência para trocar as marchas do carro de passeio se assustaria dentro de um Stock Car. Se o motor do veículo comum "grita" quando ultrapassa os 4 mil giros, os pilotos de corrida trabalham na casa dos 6 mil giros.
Interior
Nada da comodidade dos carros de luxo, com seus painéis de madeira e bancos de couro. O interior de um bólido de corrida lembra uma cabine de avião pela quantidade de comandos e botões.
A diferença para as aeronaves está no espaço, bem mais reduzido. O conforto é a última das preocupações: em meio a chaves e alavancas no painel, volante e até no teto, ficam os dois bancos sem qualquer acolchoado. A alta temperatura do cockpit agrava a situação, ainda mais por conta da obrigatoriedade do uso do macacão.
*ZHESPORTES