Depois de ter conhecido os meandros do mundo empresarial, Lucas Varisco passou a acreditar mais na meritocracia, sem pressa de herdar a liderança apenas pelo fato de ter nascido em uma situação favorável. Formado no ano passado em Empreendedorismo e Sucessão, ele diz que o curso o ajudou a se colocar no lugar dos funcionários para saber como opinar ou decidir sobre eles. Aos 21 anos, teve de passar até pelo chão de obras para conhecer de perto a realidade da construtora e incorporadora de sua família. Ele garante que ter sido "empresário-sombra" do pai contribuiu muito para a conquista de objetivos:
- Vender suas horas de trabalho para outra pessoa é como doar seus sonhos. O empreendedorismo te dá um atalho para ir em busca daquilo que tu desejas.
Curso capacita empreendedores a atuarem nos negócios da família
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Para Lucas, o curso abre a cabeça do jovem em relação aos fundadores da empresa, geralmente mais conservadores. Saber dialogar e ter respeito à hierarquia é uma habilidade que Hilmi Abdullah Neto, 28 anos, também vem colocando em prática desde que se formou, em 2009. Tanto no freeshop Siñeriz como no Mercado 300, que sua família administra na fronteira com o Uruguai, ele e seus irmãos, os gêmeos Allan e Gandhi, 24 anos, também egressos do curso, estão imprimindo um novo ritmo aos negócios:
- A primeira questão é ganhar a credibilidade dos familiares que trabalham na empresa. Eles vêm com grande carga de experiência, e a gente, com muita teoria. Aliando essas duas pontas, conseguimos bons resultados - afirma.
Segurança e precisão nas decisões foram os principais ganhos que Roberto Bastos Kuhn adquiriu com a graduação. Atuante no ramo da agropecuária, ele diz que as técnicas da faculdade ajudaram a avaliar o empreendimento e aumentar a rentabilidade do Grupo Kuhn Empreendimento. Junto ao avô, pai e tios, Kuhn se encarrega de preservar o patrimônio mais importante para quem herda o negócio estabelecido há várias gerações.
- O nome é o principal bem da empresa. Por isso, aprendi a buscar colaboradores de confiança, além de gerenciar as relações humanas e fazer com que elas durem - diz o gerente administrativo financeiro da empresa.
Racional, mas com emoção
À frente da graduação mais procurada da PUCRS, que detém 10% dos alunos da instituição, Elvisnei Camargo Conceição, coordenador do curso de Administração de Empresas, diz que as áreas que mais têm chamado atenção dos estudantes são recursos humanos e marketing - que vão além do negócio e revelam preocupação social desta geração.
- Marketing de relacionamento e comportamento do consumidor costumam ter ampla procura não apenas pelo aluno da Administração, mas também de outros cursos. Seria uma evolução da visão puramente comercial - avalia Conceição.
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Segundo ele, antigamente bastava ter o tino dos negócios para gerir sua própria empresa. Hoje, mais do que nunca, é preciso ter capacidade criativa e inovação para a gestão de problemas e garantir a vida longa ao empreendimento.
- Temos um universo muito grande de oportunidades. O administrador é um só. A ênfase que se trabalha tenta canalizar o aluno para aquela habilitação. Hoje, o administrador formado em qualquer linha sai com capacidade de gerir uma organização.
Em qualquer especialidade administrativa, Conceição ressalta que o bom senso, a capacidade de ouvir as partes e levar em conta também o lado afetivo são características dos gestores atuais.
- As decisões não têm de ser estritamente racionais. Muitas pesquisas mostram que sempre há um componente emocional.