Preparando-se para buscar uma vaga no curso de Engenharia de Produção, as vestibulandas Carolina da Rosa Domingos, 21 anos, e Francene Wosniak Severo, 18 anos, foram recebidas pelo diretor executivo da empresa Accera, Cristhiano Faé. Graduado no curso de interesse das jovens, Faé conversou com as estudantes sobre a graduação e a carreira.
Formada em um curso técnico em Logística, Carolina tinha dúvidas sobre o mercado e a posição das mulheres na engenharia. Já inscrita no vestibular, Francene focou nas experiências acadêmicas e empreendedoras de Faé, graduado na primeira turma da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):
- Eu pensava em fazer Administração. Vi o curso de Engenharia de Produção, que era novo na época, mas nem sabia bem o que era. Logo no primeiro semestre, percebi que havia acertado na escolha - comenta o engenheiro.
Mercado
Para Cristhiano Faé, Engenharia de Produção é a bola da vez, em razão da polivalência do profissional formado na área.
- O engenheiro de produção atua revendo e otimizando processos, reduzindo custos e desperdícios. São coisas que todas as empresas necessitam hoje em dia.
A concorrência é grande, mas se paga súper bem.
Negócio próprio
Gestão é um dos focos da graduação. De acordo com Faé, isso pode contribuir para o sucesso empreendedor de um engenheiro de produção:
- Pela formação, pode se dar muito bem como empresário, porque desenvolve habilidades financeiras, de gestão de pessoas.
Federal x particular
Formado na primeira turma de Engenharia da Produção da UFRGS, em 2004, Faé já foi professor da PUCRS. Para ele, os cursos de universidades federais e particulares estão no mesmo nível.
Em sua empresa, estabelecida no polo tecnológico da Unisinos, em São Leopoldo, emprega profissionais e estagiários oriundos de diferentes instituições. Uma vantagem das particulares é a grade de horários. Geralmente, as aulas são no período noturno, enquanto que na UFRGS, por exemplo, as disciplinas são ministradas durante o dia.
Estágios e faculdade
Para Faé, fazer estágios, trabalhar em empresas juniores e participar de programas de trainees são etapas importantes na formação. Eventualmente, pode haver alguma dificuldade em razão dos horários das aulas:
- É preciso ter bom senso. Aqui na empresa, temos estagiários da UFRGS. Então, flexibilizamos os períodos de trabalho para que possam ir às aulas.
Desafio depois de formado
Mesmo antes de terminar a graduação, Faé já havia aberto a Accera. Ele diz que seu maior desafio, depois de ter concluído o curso, foi fazer a empresa decolar.
O curso
O curso é generalista e apresenta diversos campos de atuação, como gestão de pessoas, finanças, economia, qualidade, indústria, gestão ambiental, entre outras.
- Desde o início, tive contato com cadeiras da área de produção. Quando era estudante e mesmo depois, como professor, percebia um fenômeno nas engenharias. Muitos alunos pediam para trocar de área para se formarem em produção. É um curso que motiva desde o início. Na faculdade, se vê de tudo um pouco. Então, o profissional acaba se especializando em um campo com a prática.
Química, física, cálculo
Mesmo na Engenharia de Produção, não há como fugir de disciplinas como química, física e cálculo.
- Tem menos do que em outras engenharias, mas tem. Na faculdade, havia uma brincadeira que dizia que o engenheiro de produção é um "engenheiro falso". Por outro lado, acredito, essas cadeiras se tornam um diferencial em relação à Administração, pois dão uma base matemática bastante forte.
Mulheres na engenharia
Segundo Faé, a área de produção costuma atrair mais mulheres em comparação com outras engenharias.
- Minha turma de formatura tinha diversas mulheres, talvez fosse meio a meio.