Em 2011, pouco mais de 8,7 mil brasileiros estiveram nos Estados Unidos para estudar. Com esse número, o Brasil é o 14º lugar no ranking, feito pelo próprio governo americano, de países que enviam alunos internacionais. E a perspectiva é de que o número de brasileiros estudando nos Estados Unidos aumente já neste ano, devido ao programa Ciência Sem Fronteiras. Para estimular a troca cultural, a Embaixada Americana está se dedicando a auxiliar os jovens que desejam fazer um curso no país. Em escritórios específicos espalhados pelo Brasil, chamados de Education USA, é possível agendar uma entrevista gratuita e descobrir oportunidades de estudo. Confira abaixo a entrevista que Katherine Caro concedeu ao caderno Vestibular:
Vestibular - Como os Estados Unidos têm visto o aumento do número de estudantes brasileiros?
Katherine - Os alunos brasileiros são uma grande prioridade da Embaixada Americana, estamos buscando o maior número possível de alunos para os Estados Unidos. A ideia é acabar com o medo que muitas pessoas têm de estudar no nosso país, de que é impossível conseguir isso, que é muito caro ou difícil. Tentamos dar dicas de bolsas e programas.
Vestibular - Por que isso está sendo intensificado agora?
Katherine - A maioria dos alunos estrangeiros paga uma matrícula de um aluno normal, então tem um lado que é positivo para a receita da universidade. Mas o principal é ter alunos estrangeiros em sala de aula. Isso é importante para aprender e compartilhar. Estudar Relações Internacionais em uma turma com brasileiros, chineses e europeus é melhor do que em uma só com americanos. A troca de experiências e informações é muito importante para o ambiente acadêmico. Hoje, pela primeira vez, estamos vendo muitos departamentos das universidades americanas dando aulas de português.
Vestibular - Alunos americanos estudando português é algo novo?
Katherine - De certa forma, o Brasil está na moda. É muita novidade, a economia, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos impulsionam isso. Muitas coisas legais estão acontecendo aqui, têm empresas vindo para cá. É difícil aprender português, mas quase todas as universidades já têm departamentos de espanhol, então, agora alguns desses departamentos também ensinam português. Há, inclusive, um programa que leva estudantes brasileiros para ensinar português nos Estados Unidos.
Vestibular - O governo americano está fazendo algo para auxiliar os estudantes que desejam passar um período nos Estados Unidos?
Katherine - Estamos percebendo que muitos alunos desejam ir, mas não têm um nível suficiente de inglês, então estamos tentando ajudar nisso. Em Porto Alegre, temos um escritório chamado Education USA, que fica no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano. Trata-se de uma agência oficial do Departamento de Estado Americano que promove o ensino nos Estados Unidos. São mais de 30 escritórios da Education USA no Brasil, e as pessoas nem sabem disso. Este serviço é totalmente gratuito. A agência tem listas dos melhores programas de estudo nos Estados Unidos em cada área.
Vestibular - Qual o maior receio das pessoas no processo para conseguir uma vaga?
Katherine - Há um receio quanto ao visto, mas, também, o processo todo para ingressar na graduação não é fácil. Têm muitos formulários que devem ser pagos e são complicados. São exigidas atividades extracurriculares como esportes e voluntariado. O aluno também tem de escrever artigos sobre determinadas perguntas sobre assuntos amplos como, por exemplo, soluções para a pobreza. Isso ocorre porque as universidades americanas buscam o aluno completo. É preciso prestar provas, o Toefl e o SAT, mas isso não basta para ingressar numa universidade nos Estados Unidos. Além disso, cada instituição tem seus próprios critérios e formulários.
Vestibular - É possível trabalhar enquanto se estuda nos Estados Unidos?
Katherine - Para estrangeiros, é um pouco mais difícil trabalhar, porque o visto de estudante só permite que se trabalhe 18 horas por semana, dentro do campus. Então, pode-se trabalhar em um café, na biblioteca ou em outros locais no campus. É um dinheiro que ajuda, mas não paga os custos de um curso universitário.
Vestibular - O que é diferente na estrutura dos cursos americanos?
Katherine - Cada instituição tem um currículo básico - que pode ter matemática ou ciências - nos dois primeiros anos. Além disso, o aluno tem a liberdade de escolher outras cadeiras para ver se gosta. Nos últimos dois anos, o aluno foca numa área específica que pode ser, por exemplo, Jornalismo. Lá, o poder fica com o aluno. Se ele quer fazer muitas coisas, pode fazer. Se não, também não terá alguém para cobrar. No caso dos alunos estrangeiros, há uma flexibilidade ainda maior.