Após 15 anos como profissional na indústria química, Schana Andréia da Silva decidiu mudar o foco e passou a lecionar para despertar o interesse de adolescentes pela ciência. Essa é uma das histórias inspiradoras que GZH conta para celebrar o Dia do Professor neste domingo, 15 de outubro, destacando homens e mulheres que fazem do conhecimento uma ferramenta de transformação social.
Em 2010, quando tinha 32 anos, Schana foi aprovada em concurso para trabalhar como professora. Atualmente, aos 45, é referência em química na Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Novo Hamburgo, e orienta projetos de pesquisa científica.
— Nunca me arrependi dessa escolha. Como eu tinha essa bagagem da indústria, alguns alunos já vieram me procurar no meu primeiro ano aqui na escola. Então, eu comecei orientando projetos de pesquisa. Essa é a parte que mais gosto do meu trabalho, esse contato com os alunos, a relação de amizade que a gente desenvolve, ver a evolução deles na pesquisa — diz a educadora.
Para Schana, o papel do professor é incentivar e empoderar, principalmente quando se trata de meninas fazendo ciência. Segundo a professora, os estudantes chegam muito inseguros com as propostas de projetos, e o apoio do orientador é fundamental. Especialmente para jovens mulheres, que ainda enfrentam desafios no mercado de trabalho. Segundo a educadora, com esse suporte, elas começam a trabalhar com mais confiança e autonomia.
— Muitas vezes, as ideias ainda não chegam maduras, mas é o ponto de partida. Quem vai dizer pra ele o que precisa ser aprofundado e o caminho para avançar é o professor — destaca.
Mudança de rumo
Quando começaram o curso técnico em Química na Liberato Salzano, em 2019, as alunas Manuela Prado Machado, 19 anos, e Helena Flores Moschetta, 20 anos, ainda não sabiam a linha de interesse, mas uma coisa era certa: queriam desenvolver um projeto com a professora Schana Andréia.
— A Schana é uma mãe, na área técnica, no desenvolvimento do projeto em si, mas também porque ela vive tudo junto com a gente — conta Helena.
— Ela sempre dizia que "vai dar certo, e se não der, vou estar aqui com vocês". Isso fez tudo se tornar possível e a gente chegar até aqui — revela Manuela.
Projetos de pesquisa premiados
Os esforços de Schana e de seus alunos têm rendido resultados significativos. Ao longo dos anos, vários projetos que surgiram em sala de aula ganharam prêmios em âmbito nacional e internacional.
Em 2014, Raíssa Müller, aluna orientada pela professora, venceu um concurso da Universidade de Harvard. A estudante criou uma esponja capaz de absorver óleos como o petróleo, que pode ser usada para conter vazamentos nocivos à natureza.
Uma das conquistas mais recentes da fundação é mérito das alunas Manuela e Helena, que entraram na escola com 15 anos, em 2019. Junto de Schana, elas formaram um trio e criaram uma proposta inovadora para tratamento de água. O grupo desenvolveu uma alternativa capaz de remover substâncias contaminantes de rios, oceanos e lagos. A solução tem como elementos principais o grafeno e o criptomelano, mineral poroso e inorgânico.
O projeto rendeu troféus e medalhas, incluindo um prêmio que elas foram receber em Dallas, nos Estados Unidos. Em maio, elas participaram da Regeneron International Science and Engineering Fair (Isef), uma das maiores feiras pré-universitárias de ciências e engenharia do mundo.
— Nosso projeto tem grande relevância, tanto social quanto ambiental — explica Helena.
Para elas, o apoio da professora foi imprescindível nesse processo.
Vidas dedicadas à educação
Para prestar homenagem aos docentes, GZH reuniu depoimentos sobre o papel do professor na transformação da vida dos estudantes e das comunidades em que estão inseridos. Outra história compartilhada é a da professora Cristiane Pelisolli Cabral, de Porto Alegre, que fez da robótica um instrumento pedagógico poderoso na Vila Mapa.
Os leitores também conhecerão a trajetória do professor Miguel Fernando Schultze, de Canoas, que contribui amplamente para a integração de adultos na comunidade escolar, aliando esportes e acolhimento no processo de aprendizagem.