A paz derruba os muros da separação. Nos proporciona os momentos mais felizes da nossa vida. É igual a equidade, respeito aos direitos das pessoas, justiça, empatia. Ajudar todos que precisam. É um mundo onde todos se respeitam. E a união traz a paz. Esses são alguns dos ideais expressados no Manto da Paz produzido pelos alunos do Colégio Santa Inês, em Porto Alegre – agora vinculado ao Projeto da Rede de Escolas Associadas (PEA) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Ao longo do mês, todas as turmas da escola participaram. Os ajustes finais foram feitos nesta quinta-feira (21), data em que se celebra o Dia Internacional da Paz, em uma atividade na qual os estudantes puderam refletir sobre o resultado, além de cantar e dançar com música ao vivo.
O Manto foi uma sugestão da Unesco para lançar outro olhar sobre a cultura da paz. A iniciativa logo foi abraçada pela escola e ampliada: os educadores convidaram as turmas a apresentar as temáticas. A Educação Infantil, por exemplo, trouxe a questão da ecologia. Outros estudantes apresentaram preocupação em serem protagonistas de seu aprendizado para contribuir em mudanças para a sociedade.
Agora, o Colégio Santa Inês pretende utilizar o manto como um "projeto de vida", sendo retomado em ações e permitindo que seja visualizado pelas famílias, conforme a irmã Celassi Dalpiaz, diretora da escola:
— Para que consigamos retornar para essa reflexão em muitos momentos da nossa vida e não seja uma ação para um Dia Internacional da Paz, mas um projeto de vida que nos acompanha ao longo da nossa caminhada. Para que a gente lembre de todos esses compromissos que assumimos e possa realmente mostrar para as pessoas, em ações, que nós entendemos que a cultura da paz é algo que se constrói e aprende.
A turma do 1º ano do Ensino Médio desenhou um livro aberto, representando os estudantes e o conhecimento que os livros permitem, que incluem a cultura e a ideia de paz. A aluna Marília de Oliveira, 16 anos, explicou que o grupo também desenhou metade da Terra e metade do símbolo da paz, representando o que ela e os colegas desejam trazer ao mundo. Além disso, algumas palavras soltas, como empatia, amor e paz, embelezaram a arte.
— A gente tem de sempre tentar dar o nosso melhor e ser gentil com todo mundo, aprendemos isso desde pequenos, com os livros, e no colégio, com as professoras — contou.
Por esse motivo, a aluna achou importante o reconhecimento da escola junto à Unesco.
— Nosso colégio sempre tentou trazer esse tipo de ensinamento, então acho que combinou bastante — afirmou a estudante, que deseja cursar Cinema.
No mesmo sentido, Alice Borgmann, 16 anos, avalia que a instituição sempre promoveu ações que incentivam os estudantes a buscarem saber lidar com desavenças e a tornar o mundo um lugar melhor. É o caso do Manto da Paz, que suscita debates atuais, na visão da aluna. Agora, ela espera que as pessoas possam sentir o que querem mostrar com a obra.
— Não me surpreende que a escola traga essa proposta, que é tão importante, e que a gente pode expor as nossas ideias, mesmo que seja no tecido, com tinta e desenhos, mas, de certa forma, é muito importante para a gente ter esse pensamento crítico de como podemos melhorar o ambiente que a gente vive — destacou Alice, que pensa em seguir carreira em Relações Internacionais.
A aluna acredita que a associação do colégio a uma organização importante e reconhecida internacionalmente é um fato "grande e válido", que terá impacto no futuro dos estudantes – e ressalta o orgulho de fazer parte da instituição.
Compromisso com o futuro
Conforme a diretora, a associação do Santa Inês ao PEA significa que a instituição se comprometerá com objetivos da Unesco – alguns dos quais já são pautas abordadas na escola, como questões sobre a mulher, paz, meio ambiente, inclusão e ensino de qualidade. Assim, na agenda escolar, serão inseridas temáticas globais que contribuam para uma mudança da ação humana e a consequente transformação do mundo.
— Temos de ter pessoas conscientes, educar desde os bem pequenos, na cultura de paz, no respeito às diferenças, nos direitos humanos — ressaltou a irmã Celassi.
Para participar do programa, o colégio avaliou seus projetos em relação aos princípios da Unesco e encontrou conexões. Assim, as iniciativas foram enviadas à organização, e o colégio passou por um período de acompanhamento até serem verificadas as condições para a escola se tornar associada. O processo começou em 2019, mas enfrentou obstáculos, como a pandemia. A instituição recebeu nesta semana a notícia de que se tornou associada. Agora, terá acesso a uma grande rede, com oportunidades de compartilhamento para uma transformação mais rápida e potente.
A cada ano, a escola escolherá dois objetivos para focar. Em 2023, são o Dia Internacional da Mulher e o Dia Internacional da Paz. Como a congregação já pertencia a uma rede chamada Shalom, que participa ativamente na ONU, essas questões já recebiam atenção por parte da instituição.
— Eles (os alunos) não vão agir se não tiverem estímulos, e nós, como adultos, temos essa responsabilidade de termos essa consciência e inserirmos os estudantes nesse universo com possibilidades, mostrando que são capazes. Desenvolver essa consciência, cocriação e responsabilidade planetária é um dever básico de uma instituição de ensino que acredita que o estudante é sujeito e protagonista — finalizou a diretora.