Convidada a participar de um painel do 7° Congresso Internacional de Jornalismo de Educação, promovido pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca), em São Paulo, Maria Eduarda Guterres Escobar, 16 anos, furou um cordão de repórteres, durante coletiva de imprensa, para questionar o ministro da Educação sobre algo que tem tirado o sono de muitos alunos do Ensino Médio: como ficará o vestibular, diante das mudanças aplicadas e, posteriormente, suspensas nessa etapa.
— Eu achei importante perguntar, porque a gente nunca foi escutado, nunca teve a oportunidade de falar. Então, já que eu fui convidada pela Jeduca, eu achei que, por mim e por todos os outros, era o meu único momento de realmente poder falar e ouvir da pessoa que vai decidir o meu futuro. E foi bem decepcionante — lamenta a adolescente.
A estudante foi convidada a participar, justamente, de uma mesa sobre o que pensam os alunos sobre o Novo Ensino Médio, que aconteceria durante a tarde.
Maria Eduarda, que cursa a 2ª série do Ensino Médio na Escola Estadual Emílio Massot, em Porto Alegre, faz parte de uma parcela de jovens que está com um limbo. Ela ingressou na etapa em 2022, primeiro ano de implementação obrigatória da reforma nas escolas. Em 2023, porém, as mudanças foram suspensas, para a realização de uma consulta pública e o encaminhamento de ajustes por meio de um projeto de lei. Com isso, as turmas de 2ª série não sabem como será o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que farão no ano que vem.
— Eu perguntei como é que eu ia prestar, se eu não tenho outras matérias bases que o vestibular (Enem) atual pede. E ele me disse que eu poderia esperar para prestar quando mudasse, ou poderia estudar um pouco mais, ou que, talvez, ele ia ver de conseguir mudar o vestibular ainda para este ano — contou a estudante.
A jovem mantém uma rotina de estudos extraclasse, por medo de o ensino oferecido na escola não ser suficiente para passar no curso que almeja, de Direito, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seu entendimento é de que terá que correr três vezes mais do que um aluno da rede privada.
— Eu acho que ele, por ser ministro da Educação, tinha que priorizar e ter uma empatia maior pelos alunos. Se os alunos estão reclamando e perguntando como vai ficar o futuro deles, você não pode só dizer para eles esperarem ou simplesmente não fazerem — opina a gaúcha.
A previsão dada pelo ministro, durante o evento, foi de que as adaptações do Novo Ensino Médio não ocorram em 2024, uma vez que o projeto de lei ainda não foi encaminhado ao Congresso Nacional, e que as mudanças no Enem não sejam implementadas "nos próximos anos".