Após nove anos de ingresso majoritariamente pelo Sistema de Seleção Unificado (Sisu), a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) detalhou, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (5) como será a retomada do vestibular. O retorno do processo seletivo se dá após a instituição aprovar a ampliação de métodos de ingresso possíveis.
Para preencher 30% das vagas de ingresso no segundo semestre de 2023, a instituição fará uma edição extraordinária do vestibular. Os 70% restantes serão preenchidos pelo edital do Sisu segundo semestre, que ainda não foi divulgado.
Segundo o pró-reitor de graduação, Jerônimo Tybusch, o edital do vestibular será lançado em 12 de maio, mesma data de início das inscrições. Elas seguem até 12 de junho. Não foi confirmada a taxa para inscrição, mas, conforme a reitoria, ela não deve passar do valor cobrado nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) — que, em 2022, teve valor de R$ 85.
Ao todo, serão 469 vagas disponíveis, sendo 395 em 33 cursos para Santa Maria, 57 em cinco cursos para Cachoeira do Sul e 17 vagas para administração, em Frederico Westphalen. Como o Campus de Palmeira das Missões não tem cursos com ingresso no segundo semestre, ele não será contemplado neste vestibular.
As provas do vestibular serão aplicadas em 9 de julho, nos dois turnos. Serão duas provas, e os conteúdos cobrados coincidem com o que é, hoje, ensinado no Ensino Médio, nas chamadas trilhas de conhecimento. Pela manhã os estudantes responderão questões de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (História, Geografia, Administração e Filosofia), Ciências da Natureza e Suas Tecnologias (química, física e biologia) e Matemática e suas Tecnologias (Matemática e Estatística). Na prova da tarde, os alunos terão de fazer uma redação, além de responder questões de Linguagens e suas Tecnologias, que contemplam Educação Física, Artes, Línguas, Literatura e Computação.
Neste primeiro vestibular, todas as trilhas de conhecimento terão peso igualitário, para todos os cursos. A instituição avalia, para as próximas edições, regular os pesos das trilhas conforme a proximidade de assuntos com o curso pretendido. Para os aprovados, as aulas começam em 7 de agosto.
Outros Processos
A partir do ano que vem, não haverá mais vestibular em julho, somente em janeiro, com a chamada de estudantes para as turmas de início e meio de ano. Ele irá contemplar 30% das vagas disponíveis na instituição, enquanto o Sisu seguirá preenchendo 70%. O ingresso pelo Sistema Unificado passa a ser de 40% em 2026, quando o processo seletivo seriado (PSS) terá sido concluído e preencherá 30% das vagas.
O processo seletivo seriado consiste em provas anuais, ao fim do ano letivo, para estudantes de primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio, com conteúdos focados no ano de estudo do aluno. Em janeiro de 2024, será aplicada a primeira das provas, para os estudantes que concluírem o primeiro ano em 2023. Em janeiro de 2025, serão aplicadas provas de primeiro e segundo ano, e em 2026 serão aplicadas provas para os três anos, tendo assim o primeiro ingresso na UFSM por meio deste processo seletivo. Para o PSS, a reitoria prevê para o fim de maio um encontro com a 8ª e a 24ª Coordenadorias Regionais de Educação para explicar o processo e alinhar a participação das escolas.
Além do vestibular, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão aprovou também a criação de outros processos seletivos na instituição, focados em grupos específicos - como os já existentes vestibular indígena, de refugiados, de imigrantes em situação de vulnerabilidade e o de música e dança, por exemplo.
Com vagas extras, serão publicados também editais de seleção para pessoas com deficiência, idosos, atletas de alto rendimento, quilombolas, pessoas trans e medalhistas de olimpíadas de conhecimento. Estes processos, conforme o professor, serão construídos em conjunto com os coletivos que os solicitaram.
Mudança não é elitista, diz reitor
O reitor da Universidade, professor Luciano Schuch, que também participou da coletiva, reforçou que em todos os processos seletivos da UFSM, 50% das vagas são reservadas para estudantes de escolas públicas. E que ele seguirá apresentando todos os sistemas de cotas previstos, fora os processos seletivos específicos que foram criados, com vagas extras. Tybusch informou que grande parte dos alunos da UFSM vem de escola pública - cerca de 72%, ou seja, mais do que é reservado em cota.
Schuch afirma também que o vestibular será avaliado anualmente, a partir do ingresso e permanência dos estudantes. Uma das motivações para a retomada foram os altos números de vagas não preenchidas pelo Sisu. Por isso, a UFSM irá produzir relatórios e apresentar aos conselhos mostrando os resultados obtidos com o vestibular. O professor acredita que o resultado mais visível deve se dar a partir de 2026, quando houver o ingresso totalmente dividido entre Sisu, Vestibular e PSS.