Há mais de três anos aguardando por uma restauração do Salão Nobre da instituição, estudantes, ex-alunos e professores da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) resolveram se mobilizar pela causa. Nesta quinta-feira (1º), promoveram um abraço ao centenário prédio do curso, pedindo recursos para reformar o espaço, que está interditado, e protestar contra os cortes e bloqueios orçamentários infligidos ao Ministério da Educação, ampliados nesta semana.
O evento foi organizado pela própria diretoria da Faculdade de Direito. Segundo a diretora do curso, Claudia Lima Marques, já há um projeto pronto para a restauração do Salão Nobre pelo menos desde dezembro de 2020, quando assumiu a gestão. A obra em si, no entanto, nunca foi viabilizada.
— Veio a pandemia, outras emergências aconteceram e ficou esquecido esse patrimônio histórico que é o Salão Nobre da Faculdade de Direito da UFRGS. Agora, depois de três anos e cinco meses e muitas promessas, nós temos um projeto lindo de revitalização, mas o valor é de R$ 3,5 milhões e, por isso, achamos necessário um movimento cívico da comunidade reivindicando sua reabertura — relata Claudia.
A interdição aconteceu em julho de 2019, após um teto do prédio cair, por conta de uma infiltração. Conforme Claudia, o reparo logo foi feito, mas o local seguiu interditado. Em 2021, uma emenda parlamentar do senador Lasier Martins chegou a ser obtida, para viabilizar a desinterdição, mas a reitoria não aprovou a obra prevista, por entender que seria necessária uma revitalização do espaço para seu uso. A diretora destaca a importância do Salão Nobre para a comunidade acadêmica:
— Temos um programa de pós-graduação que é nota seis e ali (no Salão Nobre) já se reuniram grandes mestres do mundo inteiro. Temos nele uma obra de arte de Ado Malagoli. Não ter um Salão Nobre é uma pena para a nossa comunidade. Precisamos revitalizá-lo e retomar esses grandes eventos que havia ali para toda a comunidade rio-grandense.
Cansada de esperar por recursos públicos, a diretoria da faculdade resolveu mobilizar ex-alunos para pôr em prática melhorias necessárias no prédio. Por meio da Associação Gestora do Fundo Patrimonial de Apoio à Faculdade de Direito da UFRGS, foram angariadas doações e seis salas digitais já foram implementadas, o que tem ajudado no processo de internacionalização do curso e na didática das aulas.
Vice-presidente da Associação Gestora do Fundo Patrimonial de Apoio à Faculdade de Direito da UFRGS, professor e ex-aluno da instituição, Luis Renato Ferreira da Silva destacou que, agora, o desafio é reerguer o Salão Nobre.
— Nosso fundo serve para chamarmos os ex-alunos para contribuírem para permitir que, no futuro, pessoas possam usufruir daquilo que lhes proporcionou tantas coisas. Ficamos orgulhosos do esforço que todos estão fazendo para estar conosco — relata.
O evento mobilizou atuais estudantes, como Alexandre Sauerwein, que preside o centro acadêmico da Faculdade de Direito, mas também figuras ilustres, como Sulamita Cabral, primeira professora mulher concursada do curso, e Cléa Carpi, primeira presidente mulher do centro acadêmico e primeira mulher a ganhar a Medalha Rui Barbosa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
— A Faculdade de Direito da UFRGS teve influência na vida estadual e nacional e na de cada um de nós que passou por aqui. Ela não merece estar no abandono. Juntos, vamos reerguê-la — garantiu a professora Sulamita.
Formando um cordão humano, pessoas com rostos sorridentes lisos e com rugas se deram as mãos, por volta do meio-dia. Juntos, envolveram parte do prédio em um abraço.