Mesmo com o retorno presencial, a comunidade da Escola Estadual de Ensino Fundamental Evarista Flores da Cunha, bairro Belém Novo, na zona sul da Capital, ainda espera para dizer que voltou a ocupar a instituição. É que, desde o início do ano, problemas na estrutura do prédio impedem a realização de aulas em turnos inteiros – então, os alunos acabam tendo no máximo duas horas de aulas por dia.
Ao todo, a edificação possui seis blocos para atender os 530 alunos. Deste total, dois estão interditados. São os que abrigam a entrada da escola, parte das salas de aula, o refeitório e oito banheiros.
Prejuízo
De acordo com a advogada Michele Rodrigues, 43 anos, mãe de uma aluna do 7ª série, a situação da escola, construída na década de 1930, se agravou após a pandemia.
– Se via uma precariedade, principalmente porque o prédio é antigo. Mas, no início deste ano, a gente tomou um susto de ver a escola em situação de abandono – relembra.
Ela explica que se preocupa com o prejuízo para os alunos, que também percebem o efeito sobre o aprendizado. Além disso, destaca os transtornos para pais que trabalham o dia inteiro e não contam com uma rotina escolar para os filhos.
– Deixar (as crianças por) um turno já é difícil, quem é pai e mãe sabe disso. Então, imagina duas horas. É um prejuízo astronômico para elas e inadmissível que deixem ruir um prédio que é histórico para o bairro – protesta Michele.
Reforma
Segundo a diretora da Evarista, Lisiane Kolas, o prédio da instituição tem problemas estruturais desde o ano passado. Ela cita, inclusive, que um pedido de reforma foi feito junto à Secretaria Estadual da Educação (Seduc) em junho de 2021.
Porém, nenhuma solução teria sido apresentada pela pasta até que a situação se agravou, quando a fiação elétrica de todo um bloco da escola foi furtada, no início deste ano.
– Conseguimos, com pressão política, que um processo de reforma fosse aberto. Um engenheiro esteve aqui e interditou o espaço da entrada e do bloco em que levaram a fiação, porque representava perigo para as crianças – afirma Lisiane.
Enquanto isso, Lisiane conta que a escola transformou duas salas de aula em quatro, com os próprios recursos, para poder retomar o turno inteiro de aulas neste segundo semestre do ano.
Além disso, a instituição tem promovido atividades de reforço e usado ferramentas de ensino remoto para compensar as aulas perdidas.
Árvores
Além dos problemas na estrutura, Lisiane conta que oito árvores que ficam ao redor da escola apresentam risco de queda, o que inviabiliza o uso de mais duas salas e parte do pátio. Para tentar resolver o problema, uma bióloga estaria auxiliando voluntariamente a instituição.
– Já tentamos, mas não é a Seduc, não é a prefeitura. Retirar essas árvores vai custar à escola cerca de R$ 10 mil – revela.
Obra aguarda recurso
A reportagem questionou a Secretaria Estadual da Educação sobre a situação estrutural e pedagógica da Escola Estadual de Ensino Fundamental Evarista Flores da Cunha e obteve resposta em nota.
No texto, a pasta informa que “a reforma da cobertura e da rede elétrica, orçada em R$ 268 mil, já tem a empresa responsável pelo serviço selecionada, e o processo está em fase de solicitação de recurso orçamentário”. E diz ainda que os alunos seguem tendo aulas nos demais blocos do prédio.
Quanto às árvores, a secretaria afirma ter orientado a escola, que já obteve autorização da prefeitura da Capital para a retirada dos vegetais. E confirma que o procedimento deverá ser custeado com as verbas da própria escola.
Produção: Guilherme Jacques