Estudantes fizeram um protesto na tarde desta terça-feira (26) na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) contra o fechamento de 12 programas de pós-graduação (PPGs) da instituição. A decisão foi confirmada pela Unisinos na semana passada.
Cerca de 150 manifestantes se reuniram no acesso B do campus principal, em São Leopoldo, e seguiram em direção à reitoria. O ato foi chamado de "Luta pela Ciência e pela Pesquisa: PPGs ficam!".
Representantes dos alunos participaram de uma reunião com um dos integrantes da reitoria da universidade. Eles entregaram uma carta de reivindicações na qual solicitam esclarecimentos quanto à extinção dos programas, atas das reuniões que resultaram na decisão, informações financeiras da Unisinos e também um melhor diálogo com o reitor da instituição, Sérgio Eduardo Mariucci.
"Reivindicamos a reversão imediata da decisão de descontinuidade dos 12 cursos de pós-graduação até diálogo firmado com representantes discentes, docentes e coordenações dos cursos", diz a nota dos integrantes do protesto.
Foram encerrados os programas de pós-graduação em Arquitetura, Biologia, Ciências Contábeis, Ciências Sociais, Comunicação, Economia, Enfermagem, Engenharia Mecânica, Geologia, História, Linguística Aplicada e Psicologia. De acordo com a Unisinos, todas as atividades acadêmicas e bolsas serão mantidas até a data prevista da defesa de cada aluno, bem como o acesso às instalações dos laboratórios para o desenvolvimento das pesquisas dos mestrandos e doutorandos.
Um dos representantes dos alunos na manifestação foi Antônio Marcos Silveira, mestrando do PPG de Ciências Contábeis. Ele diz que a decisão foi tomada de "forma autocrática" e reclama do diálogo com os responsáveis pela instituição:
— Ele (o reitor) não nos dá uma explicação transparente, simplesmente nos diz que é uma decisão tomada, uma estratégica da Unisinos. Eles alegam que o nosso programa (de pós-graduação em Ciências Contábeis) é deficitário, mas nós sabemos que não é. Então, são dados muito superficiais para essa decisão.
Os alunos pediram uma reunião com o reitor da Unisinos, que não estava presente no encontro. Foi acertado que a conversa ocorrerá, mas não há foi definida uma data.
O que diz a Unisinos
O vice-reitor da Unisinos Artur Jacobus diz entender o protesto dos alunos, mas assegura que não há possibilidade de a decisão ser revista pela instituição; isso será dito na reunião entre as partes. Segundo ele, a universidade não consegue "se sustentar" com a manutenção dos 26 PPGs porque as verbas repassadas pelo governo federal para as bolsas representam, em geral, menos de um terço do custo real da mensalidade.
— Programas de mestrado e doutorado são praticamente todos deficitários. Isso é em todas as instituições. Os recursos são basicamente da universidade, em grande parte, das matrículas da graduação. Com a redução no número de alunos dos últimos anos, não há recursos — explica.
Por isso, de acordo com ele, o encerramento dos cursos é uma forma de a Unisinos se adequar ao novo contexto enfrentado pelas universidades sem fins lucrativos, que têm registrado queda no número de alunos que se aproxima de 40% nos últimos 5 anos. A medida, segundo Jacobus, não significa que a instituição tenha deixado de investir no ensino, já que a Unisinos seguirá com 14 PPGs.
— Vamos continuar investindo em pesquisa, mas ele (o investimento) será do tamanho que a universidade pode fazer no momento. O ideal seria ter outra condição, outra forma de financiamento. Tomamos a decisão para dar conta de uma dificuldade que é geral. Se voltássemos atrás (na decisão), teríamos um sério problema de gestão — pontua.