A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) estuda suspender excepcionalmente o vestibular próprio e usar as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ou de concursos passados para o ingresso de calouros no ano letivo de 2021.
Em virtude da suspensão de aulas presenciais por conta da pandemia, a instituição está, neste momento, nas aulas do segundo semestre de 2020, que devem acabar em maio. Ainda não há data prevista para o início das aulas do primeiro semestre de 2021 justamente porque a UFRGS estuda como será feito o processo seletivo.
A instituição já destina 30% das vagas para estudantes que fazem o Enem concorrerem por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A proposta é permitir que as outras 70% sejam disputadas nessa modalidade excepcional.
A ideia discutida é repartir o processo seletivo em dois semestres, levando-se em conta um cenário de melhora da pandemia nos próximos meses ou de manutenção dos altos patamares de circulação do vírus.
Para o primeiro semestre do ano letivo, a ser iniciado de fato no segundo semestre deste ano, o candidato usaria uma média das últimas quatro notas no Enem ou dos vestibulares da UFRGS. Caso tenha feito menos provas, o cálculo seria ajustado, sem prejuízo.
Para a entrada de estudantes no segundo semestre do ano letivo de 2021 – na prática, o primeiro semestre de 2022 –, há duas opções aventadas: se a pandemia melhorar, a UFRGS aplicaria o vestibular presencial no segundo semestre deste ano. Caso a pandemia siga em altos patamares, a universidade seguiria usando as notas passadas do Enem ou do vestibular.
No caso de estudantes que nunca prestaram o Enem ou o vestibular presencial, a opção seria prestar o concurso presencial no segundo semestre, no caso de melhora da pandemia, ou usar a nota do Enem a ser feito neste ano, caso não haja vestibular próprio neste ano.
O uso do Enem como vestibular para todas as vagas foi recomendado por diferentes setores da UFRGS e referendado pela Comissão de Legislação e Regimentos, grupo de cinco pessoas que estudam propostas referentes a questões legais e do regimento da universidade – espécie de Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da UFRGS.
A Comissão enviou, na noite desta quinta-feira (15), a recomendação para o Conselho Universitário (Consun), órgão máximo de tomada de decisões na UFRGS. O parecer será analisado pelo Consun na próxima sexta-feira (23) e pode ser acolhido totalmente, em partes ou recusado.
O Conselho Universitário é um grupo composto por 77 pessoas, incluindo o reitor Carlos André Bulhões, a vice-reitora Patricia Prank e diferentes representantes de faculdades, dos professores, dos alunos e dos servidores da UFRGS.
Em avaliação sobre o assunto, o Comitê Covid-19 da UFRGS se manifestou contra a aplicação presencial do vestibular próprio em razão “do cenário epidemiológico atual, dos prazos necessários para a organização do vestibular e da ausência de perspectiva de imunização da maior parte da população brasileira”.
A Comissão Permanente de Seleção da UFRGS, responsável pela elaboração do vestibular, destacou a importância do concurso, em especial na definição dos conteúdos ensinados nas escolas, mas diz que há risco de a universidade jogar dinheiro fora com a logística de organizar as provas, sob risco de a pandemia no Rio Grande do Sul não permitir a aplicação das provas.
O uso exclusivo do Enem foi adotado em março pela Universidade de Brasília (UnB), onde o primeiro semestre de 2021 terá início em 19 de julho. A justificativa apresentada pela UnB foi o cenário de incerteza para os próximos meses por conta do coronavírus – a instituição aceitará as notas do Enem de 2018, 2019 ou de 2020.
O vestibular da UFRGS foi suspenso em maio de 2020 e não tem, ainda, data prevista para ocorrer. O último vestibular ocorreu no fim de 2019, para ingresso em 2020, com exames aplicados em 23, 24 e 30 de novembro e em 1º de dezembro daquele ano.